terça-feira, 7 de junho de 2011

Tão Distante - Parte 1 - O início

Olhos atentos, a vi passando não pude mudar o curso das coisas, o mundo conspirou para que naquele momento estivéssemos ali. Mira caçador, alvo caça.
Como um atirador que se preze, atira como se aquela fosse a última bala.
Não deixei que o impulso levasse ao erro. Neve na boca para que o ar quente não acusasse meu esconderijo. Eu era uma pedra, inerte, apenas a observar o que seria mais tarde alimento. Humano, dotado de instinto selvagem.
A mira estava feita, o alvo parado ao meu alcance. Tentando decifrar a miragem dentre a neve que cobria minha face.
Me vi no dilema, o gatilho estaria a meio milímetro do disparo letal, entre os olhos, sem chance de defesa ou luta contra o abismo. A morte seria certa. Mas o dilema me cercava, tirar a vida de um ser indefeso ou manter a espécie.
Ao mesmo tempo em que calculava a reação e divergências... Reveses. Avistei, ao longe, lobos se aproximando tornando o abate coisa certa. A caça estava ali, preparada para findar-se, tornar-se parte de nós. Sua vida estava em minhas mãos, minha vida estava em meu rifle.
O inverno chegara com toda sua força e as preces aos deuses de nada adiantaram, vestiram-se com seus casacos e nos deixaram a penumbra. Talvez não, pois nos era cedido o alimento esperado, em minha frente, enquanto mirava.
Nada podia ferir aquele momento, disparo!
Após o estampido, podiam-se ouvir os gemidos de agonia, a caça por sua vez, correu o mais rápido que podia. Vi-me salvando uma vida. Aquele tiro de curso mudado pôde acertar o caçador selvagem, ao ponto em que efetuou o salto, atacando num momento de descuido, a jugular do cervo ao qual defendi.
Fiz do caçador concorrente, a caça.
Fiz do alvo pelo qual me posicionei, minha inspiração.
Alimentei-me do predador. O qual não mais seria.
Enquanto mirava. Somente enquanto mirava.
Olhos de agradecimento por poupar sua vida, aquele nobre cervo se desfez em luz. Causando espanto de meus olhos. Meu rifle não tinha mais força, meus braços somente responderam após meu filho gritar meu nome. Tão longe que ouvi.
Estava ali. Eu, caça e aprendiz.

Sem Título...

Nada além de caos...
Hoje em dia dão mais valor às máquinas do que aos seres humanos que as produzem.
O mundo cresce num ritmo alucinante e nada pode parar.
Me diz onde está a cultura desse povo?

Trancafiada nas jaulas corporativas.

Vivendo uma vida regrada, se alimentando do que se pode comprar com um salário dito digno.
Será mesmo que o ser humano vive de arroz, feijão, carne e mato?
Gados?
Onde estão nossos representantes para lutar em prol do povo?
Fácil se eleger não?
Num país em que se ganha voto com prato de comida.
É bem fácil se eleger quando metade do povo é mediocre.

Mas quem investe em educação?
Mas quem investe em cultura?
Mas quem investe no bem estar da população?

Somos felizes assim... não somos?