terça-feira, 13 de setembro de 2011

Papo de Elevador - nº 3

O som que se ouvia naquele andar, era hora forró, hora samba e pagodinho...

O Silva que era apenas o faz-tudo da empresa (geralmente o que varre, limpa, conserta, pinta, cava, tampa, sepulta, reza, dirige, busca as coxinhas da sexta, a mortadela da terça e passa o cafezinho todo santo dia. Há, ele também ganha pouco), se libertou desta vez, fazia um churrasquinho no banheiro feminino, sim no feminino. E ainda gritava: 
- TEMOS BACALHAU ASSADO!

A dona Clementina se revoltou ao ouvir bacalhau assado... 

E nem norueguês era o bicho. Talvez fosse somente algum peixe bem salgado, que o próprio Silva preparou em sua casa, naquela mesma bacia onde tomava banho.

O Silva realmente estava maluco, não só perderia o emprego, como de quebra seria torturado, molestado, morto, decapitado, “decapitulado” (sim, ele seria morto por capítulos, para não dizer “versiculado”, utilizando de uma bíblia).

Dona Clementina não poupou esforços, correu até a sala do manda chuva, no 5º andar e já entrou esbravejando:
- Como que uma empresa desse porte, deixa que uma afronta dessas ocorra.
(Senhor Meinfuhrer, um alemão já com certa perspicácia, apenas observava o chilique daquela velhota).

Sr. Meinfuhrer respondeu:
- Que afronta? Por acaso ele está vendendo algo de má qualidade? 
- Alguém passou mal?

Dona Clementina surpresa com a resposta, desviou a atenção:
- Veja! Cartas para o senhor.

Sr. Meinfuhrer agradeceu e botou a velhota pra fora.

Dona Clementina desolada com o ocorrido estava envergonhada também já que o Silva era boa praça, um homem batalhador que ajudava a todos. Foi quando ela pegou o elevador, o ascensorista com uma churrasqueira elétrica DENTRO DO ELEVADOR, a velha viu aquilo e não agüentou:
- Até você?
O ascensorista:
- Estamos seguindo o ramo da gastronomia.
O Platão gritou antes da partida do Elevador:
- HEY, MAIS QUATRO ESPETINHOS PRO ADM! PINDURA ESSA HEIN!

No RH, todos gritavam ao mesmo tempo, desejando ou espetinho, ou o tal do bacalhau assado vendido no banheiro feminino do 1º andar.


No 2º andar, abrem-se as portas e a imagem que a dona Clementina via, era a do Silva, com um saco preto nas mãos dizendo em alto e bom som:
- Toma mais esses, são siameses, estão limpos e temperados... Só por no espeto.


Pobre velhinha... Saiu do elevador direto pro banheiro para colocar aquele café com biscoitos pra fora, não foi muito efetivo, pois ali havia uma plaquinha com os dizeres - “Xurraskinho do Çilva”, TEMOS BACALIAL AÇADO, entrada somente para pessoal autorizado - ou seja, além de tudo ainda precisou engolir o café pela segunda vez.

Pobrezinha por quê? Estava tudo uma delicia (eu não falo do café).