segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esperança


Aquelas cores que se formavam no azul do céu daquela cidade extremamente poluída, tornava o céu um tom de marrom meio vermelho. Na junção entre o firmamento e o horizonte revestido pelos prédios. Aquelas ruas extensas, onde as luzes vermelhas dos veículos reluziam o crepúsculo. Caminhar por entre as ruas, pontes e passarelas daquele sol que já se punha antes mesmo da hora do rush, era como enfrentar a vida e a morte num só momento. Voltar para casa era não só um caminho, mas uma missão.

Indecisos se permaneciam na faixa 2, para seguir em frente ou então talvez a faixa 3 para sair da marginal, faixa 1 de segurança. Os motores exalavam aquele cheiro característico do catalisador e o perfume das rosas plantadas no canteiro daquela corporação multinacional mal era provado pelos que passavam por ali trancados e vedados em seus veículos com ar condicionado.

O sol como dito, já estava posto, enjaulado, o frio já tomava conta dos corações e das saudades, os bares começavam a se encher, uns procuravam calor nos destilados e outros nos amores, se queixavam da vida com o garçom amigo que sempre os servia com o mesmo carinho de um pai, isso mesmo, o “garção” amigo, também sabia a hora de cada um para a saideira, para retomar o caminho de casa e claro ligar para um taxi caso o tão amigo cliente estivesse dirigindo.

As memórias que a metrópole guardava, viviam em algum lugar pequeno, pedaços de coisas que surgiram em suas vidas. Vivem com elas e com aquela sensibilidade que elas trariam de alguém ou alguma coisa. Momentos bonitos, tristes e até mesmo os mais simples. Em um lugar do cérebro residem as pessoas que surgem e se vão, alguns ficam para fazer desta memória, uma historia e a indecisão do ser de que uma memória deve ser apagada nunca é simplesmente aceita. Memórias, ao mesmo tempo em que existem e proporcionam momentos bons de eterno carinho, também machucam e fazem sucumbir a um passado distante e irreversível, cabe a eles, guardar os bons momentos.

Tão aconchegante e tão perversa, a cidade grande costumava ter seus altos e baixos e foi do alto daquele morro que as estrelas se achegaram para brilhar mais perto daquele contemplado, brilhos nos olhos, da sacada podia-se ver o espaço todo, a cidade toda. Estava em seu lar, estava simplesmente a salvo, ele e as estrelas.