terça-feira, 11 de outubro de 2011

Golden Gate


Alcançar o céu já não era o bastante.

Queria o infinito, buscava o encontro entre os deuses. Suas asas negras lembravam as de um corvo, voaria cada vez mais alto até que a pressão não mais fosse leve. Sentia a fumaça sair de sua pele, o horizonte cabia em seus olhos e uma lagrima escorria. Assimilando ao dia em que partiu daquele lugar rarefeito.

Ainda sujava o céu, seria apenas um ponto negro enquanto caia. Não suportando a atmosfera, explodindo como um cometa sua cauda reluzia o fogo que saia de sua boca. O sopro do dragão inflamava seu corpo.
Ainda em chamas arriscando um pouso forçado, rompendo as barreiras do som, criavam-se as nuvens juntamente aos estrondos. A água ainda imóvel recebia seu corpo em formato de pedra, rígida, inflexível...

Seus membros deslocados, as asas destruídas pelo fogo apagado pela água. Não sabiam ao certo o porquê daquele fim, o sofrimento contido a fim de libertar-se, sem motivos a ser analisados, sem questões a levantar. Daquele momento em que o mundo já não servia, fez-se o salto. Fora de controle, em pleno voo se deu conta que não flutuava, mas em queda livre é que surgia. 

O sol no horizonte apontava o ultimo suspiro, a redenção.

Criou-se o limite entre o firmamento e o imaginário. Perpetuando assim, sua imagem e semelhança. Mostrando não se importar com os fatos predispostos pela crença, não seria mais necessário enfrentar o mundo, o divino já não era o mistério e o fim já era previsível.

Arrependeu-se.

Antes de tocar o solo.