domingo, 10 de março de 2013

Por quem os sinos dobram


[leia sussurrando] Os talheres de ambos os lados do prato, eles se contorciam e de forma descendente de dentro pra fora seguiam a etiqueta. O céu se fechava para mais um temporal e na hora do relâmpago a luz se apagou [até aqui], retornando após alguns segundos. Deu pra ver o clarão que não deixou de formar aquelas sombras estranhas na parede em frente à janela. Os castiçais na mesa, não permitiram faltar a luz, as crianças corriam para o abrigo dos pais, deixando a brincadeira de lado, no fim, todos riram, pois não era sempre que a luz acabava.

Sempre que as crianças brincavam no jardim, juntavam-se os mais velhos e os mais novos, brincadeiras de roda, pique esconde, pega-pega. Os maiores já brincavam de ser grandes, imitavam os trejeitos dos homens mais velhos, servindo-se de bebidas e gesticulavam como se degustassem de um delicioso cachimbo após a refeição. Gesticulavam também os gestos, durante um bate-papo mais descontraído, porém nunca saíam do trivial ou do dito tradicional. Sentavam-se com certo cuidado, sem erros, duros com suas posturas e concisos nos discursos.

Chapéus das mais diversas formas, variadas cores e o preto para os homens. Afivelados, penteados padronizados, vestimentas longas, calças sociais, ao invés das botinas, sapatos devidamente engraxados. Todos preparados para mostrar seu melhor para a sociedade.

Eram observados por seres que na viviam ali, ao lado. Ao redor, lambiam os beiços com os pratos que eram servidos. Não entravam em contato com as crianças limpas e nem ao menos chegavam perto dos mais velhos. A festa estava fechada.

[sussurrando novamente] As crianças não entendiam porque estavam do lado de fora e arriscavam pedir para entrar, batiam na janela e os seres de dentro nem sequer prestavam atenção. Os mais velhos não queriam mais perder tempo, voltaram para a aldeia levando suas crianças para o aconchego do lar, com fogueira e brinquedos de restos de brinquedos, comem o de sempre e sempre dormem em suas casas feitas de restos de construção. São tudo e dos mais variados modos, menos resto [até aqui].


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