sábado, 30 de março de 2013

Alívio


Drivers e motherboards, espalhados pelo corpo, os circuitos corrompidos e trilhas desfeitas durante as rotas de desembarque, o BUS já não suportava mais os 5v que ultrapassava as barreiras.

Entrava luz, pelo nervo ótico a percepção humana era capaz de criar imagens, já que, alguns artefatos surgiam no ultimo dia de sua meia vida. Seria substituído então por lentes olho de peixe e observando de perto o nervo foste substituído também por um cabo de fibra (um fio de vidro do calibre de um fio de cabelo, revestido por um vinil estéril). Tendões de Aquiles ou não, criados através de células mortas e cabos de aço, músculos, cortiça.

Os sentidos criados na robótica, não convertiam a fé em lágrimas. Assim mesmo o ser humano vivente descendia dos seres dotados de erros e alguns acertos, sem óleo ou combustível. A criação, em ferro, aço e circuitos tinha algo que o tornava vivo, seu combustível fora criado e não mantinha a bateria acesa, muito, aliás, uma bateria que se auto carregava durante os movimentos circulares que a engrenagem fazia ao ser acionada pela alavanca giratória. Era como um leme.

Em seu primeiro passo, a vida passou diante de seus olhos, carregou, correu, caiu, escorregou, aprendeu e utilizou a memória pela primeira vez, fez daquele passo o primeiro setor do disco rígido, anotando na pasta do sistema o modo caminhar. Ainda não tinha muitas utilidades, apenas o básico onde a força era necessária. Foi estranho o aprendizado e o mesmo se dizia da memória que ninguém poderia prever o inicio (ou trilha zero) e nem o fim. O montador dizia que seus circuitos eram autoimunes, matavam setores defeituosos e o sistema imunológico não permitia a entrada vírus e spywares.

Havia uma antena, em seu ombro direito que se abria periodicamente em busca de novas atualizações, o sistema era checado, o hardware reinventado, peças novas a todo o momento eram lançadas, novas forjas eram construídas e amortecedores instalados. Uma nova armadura dava proteção contra o frio (era térmica), pele de metal.

Sua memória se apagava com frequência. Bad blocks, corrompendo as informações até que o sistema esquecimento e desligamento foram ativados num curto circuito.

Travar os dentes com parafusos de rosca soberba não acabaria com a dor. As gengivas eram de carne.



Primavera nos Dentes

Quem tem consciência pra se ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste.

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera.