domingo, 30 de agosto de 2015

Entre a mosca e o infinito

Criamos este universo entre o escuro e o claro. O Sol nascente anuncia um novo dia, começamos a vida antes mesmo de descobrir que algumas outras coisas estão ali a mais tempo que pensamos. Antes mesmo de interligarmos pensamentos o mundo já era mundo, nos resumimos a tantas coisas e descobertas, livros e falhas, somos humanos.

Nos protegemos inclusive da luz que em abundância torra a nossa terra, nossas casas, nossas vestes e tudo o que ela toca, uma imensidão nos aguarda do outro lado da atmosfera, calculamos buracos negros e anunciamos nossa grandiosidade, o ocioso é mal visto e a merda nos remete ao lixo.

Quantas vezes viajamos no tempo quando nos vimos velhos, usados, maltrapilhos e convalescentes. Ao olhar uma foto de alguns anos atrás, temos saudade de um tempo que não voltará, em escalas humanas, partimos de um lado ao outro do mundo, nos atrapalhamos com os fusos horários e alcançamos o Karma. Enfim nosso tempo de vida se vai, num estalar de dedos.

Ditadores caem, mulheres e homens vem e vão. Preocupamo-nos demais com a beleza, com o dinheiro, trabalho, animais, selvas, com opiniões, formadores da mesma e em busca da felicidade cometemos erros incríveis. Bactérias vivem em nós, fedemos, cheiramos bem, mantemos um padrão.

Em escalas interplanetárias sabemos que as distâncias são calculadas em anos-luz, a própria luz solar demora 8 minutos humanos para atingir o planeta, estaremos sempre 8 minutos atrás do astro-rei.

Enquanto as ondas quebram, todos os anos da humanidade não significam nada. São um piscar de olhos perante as grandezas astronômicas. Até mesmo as cores e o brilho das estrelas, já deixaram de existir a muito tempo, antes mesmo de nascermos, antes mesmo de sermos humanos. Tão perto é tão distante.

Tudo passa rápido diante de nossos olhos e vemos o quão pequenos somos em relação ao espaço. O quão pequenos são nossos problemas e nossas histórias, nossas dúvidas e nossos filósofos. Não existiam pessoas pensantes e as estrelas já tinham sua vida útil se dissipando. Criamos deuses e embelezamos suas vestes. 

Criamos uma história e morremos por ela, fazemos parte dela, ainda assim, vivemos num piscar de olhos em um pífio momento entre a atmosfera e o infinito. Que a vida seja melhor, que o mundo complete seu desígnio, que as ideias se perpetuem e que os monstros que cercam a humanidade não desumanizem os iguais. Tenha em mente apenas que um piscar de olhos do ser mais inteligente, engajado, bonito e reluzente do planeta terra não chegará nem perto das grandezas dos astros.

Na melhor das hipóteses, seres de luz não seriam terráqueos e entre a mosca e o infinito, há mais coisas do que pressupõe a vossa vã filosofia.