sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Papo de Elevador


O ascensorista perguntava o andar. Aquela musiquinha característica tocava na caixinha já antiga.
Ninguém respondeu e assim ele teclou o ultimo, quando subiram todos ao terraço. Abriam-se as portas e o que viam era uma festa com bebidas, dançarinas e o Silva (o faz-tudo da empresa, geralmente o que varre, limpa, conserta, pinta, cava, tampa, sepulta, reza, dirige, busca as coxinhas da sexta, a mortadela da terça e passa o cafezinho todo santo dia. Há, ele também ganha pouco).

O gerente de Recursos Humanos dizia:
- Isso pode ser um fator influente no psicológico, é um caso a se estudar, mas depois da festa (saindo do elevador e abraçando uma das dançarinas).

O supervisor de logística dizia:
- Isso é uma questão de transporte.

Todos os 10 dentro do elevador:
- Transporte?

O Supervisor de logística:
- Sim, alguém me transporte para essa MU-VU-CA (Caindo na gandaia)!

O ascensorista virando o cap para trás já iria largando seu banquinho, não fosse a dona Clementina, responsável pelo malote de toda a corporação que em voz autoritária berrou lá do fundo em meio as cartas e pacotes:
- Se você descer, quem desce essa birosca, tenho horário a cumprir, já pra baixo. SILVA! Vem junto, já. Preciso de ajuda com tudo isso.

O Silva coitado, era o faz-tudo como já dito, queria sepultar a velha antes de mais nada, ainda mais naquela hora que todas aquelas bundudas dançavam o “cancan”.
- Senhora Clementina, por favor, na hora do “cancan” não... (ajoelhado, pedindo Clemência à Clementina)
- Já disse, tenho horário e se quiser, eu danço pra você. Lindinho (Dona Clementina, uma senhora com seus 73 anos, para não dizer TODOS os seus 73).

 Silva não sabia se sepultava ou se suicidava. Justo na hora do “cancan”. Lastimável.


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