Querido diário, estamos mais uma vez, subindo na audiência e
caindo pelas tabelas. O Escracho está mais um dia de folga e deu lugar a um
poeta meio machado meio martelo, se bate corta ou espana, atarraxa, mas não
prega.
Falando em pregar, o pastor analisava o dízimo enquanto
exorcizava do rádio de um taxi, “em nome de Jesus”, era só um garoto epilético.
Nas notícias mais comentadas, sabemos que a boçalidade resolveu tomar Red Bull
e criar asas. Maluco beleza, uma carta de vinhos com o Lambrusco a 25 mangos,
frisante, rose.
Uma charge, uma vinheta. Olhar para os lados e sobrar pouco
do dia para passar com quem se gosta, com quem se divide uma vida. Infeliz vida
talvez, mas se sobra pouco tempo, talvez é o tempo que deveria ser. Podendo ser
o tempo que não existiria. O fato de não existir, também é algo que se extingue
durante as horas que se vão. Já chegou a imaginar que nada do que vemos é real?
É como se as coisas que existem ao nosso redor fossem limites. Feitos de átomos,
ou, luz.
Olhar do lado de dentro, falo do lado de dentro de nosso
corpo, falando enquanto alma, espírito ou mente. É um momento que podemos
pensar em nosso universo, seja paralelo ou não, podemos cair em contradição.
Perceber que as grades do lado de fora, indicam que estamos a salvo da anomalia
que persiste fora dos limites pressupostos aos que ainda estão (por incrível
que pareça) do lado de fora. Senso de proteção ou de ridículo? Pensar que se
trancar dentro de casa é uma coisa segura, blah! Não estamos seguros de nós
mesmos e, afinal, como é que chegando ao final de um dia, mantendo nossos
pertences intactos, realmente pensamos que estamos a salvo? Para que? Manter o
futuro de uma espécie? A espécie que trabalha e se tranca, com nojo ou com
medo, já que o seguro morreu de velho, mas será que morreu feliz?
Enquanto isso na babilônia, o mundo segue em frente, de
qualquer maneira e/ou modo, ele gira, ele leva à loucura, ele esmaga e te mantém
ligado na telinha (a qualquer custo) nem que custe a sua vida.
Uma certa impressão, uma certeza imprecisa, quem não precisa
de uma versão, uma tradução?
Garganta seca, inviável é o cataclismo, o fim do mundo ainda
não chegou.