Independentemente de onde venham as
pessoas e quais sejam os seus costumes, a vida urge como um raiar de Sol entre
as frestas das folhagens nas arvores. A empatia está muitas vezes ligada a
representatividade de tal ação e vemos que o ser humano ainda reage com raiva aos
seus desafetos quando deveria procurar compreender da melhor maneira que qualquer
ação varia de sua própria natureza.
Nossos atos estão estritamente
ligados à nossa consciência, e, muitas vezes fazer o errado é um conceito moral
no qual se sabe das consequências, mas, possui-se a total certeza de que nada
acontecerá, como em um jogo de perde e ganha. Quando furam filas, quando veem o
troco errado na mão e não devolvem, quando se pega algum doce no mercado sem
pagar, entre outros pequenos delitos que são moralmente errados, porém a fragilidade
moral de que “o que os olhos não veem o coração não sente”.
A sociedade acaba por se
escravizar nestes conceitos nos quais se prendem as leis e estas são implacáveis,
mas, os reguladores destas também se baseiam em conceitos morais vindos de sua
criação e também se entregam muitas vezes ao que chamamos de voto de confiança
ao julgar um crime, entende-se a lei, porém se interpreta arbitrariamente a
mesma de forma a pensar em tantas as formas em que a verdade pode ser dita ao
longo de tantas as formas que ela coexiste. É olhar a imagem de um número 6 no
chão, sempre haverá alguém que julgará aquele número como um 9 e afinal a única
pessoa que poderá saciar esta questão de fato, será quem desenhou aquele número
no chão.
O grande impacto é na idealização
de que a sociedade se baseia na vingança para que as pessoas sejam punidas e
não reeducadas, ou, que esta reeducação seja de fato uma punição tão severa
quanto a própria morte, e deste modo acabamos por criar nossos próprios lunáticos.
Quantas pessoas que foram pegas, presas e reformadas, trazendo um bem para a
sociedade ao invés que adentrar de vez ao mundo do crime? A sociedade constrói as
leis, as aprova e as segue, assim desta mesma forma institui-se penas de morte
e sabemos que os nossos criminosos sempre serão os rostos que representam a
marginalidade de uma sociedade. É difícil assumir a culpa, é difícil resolver
tudo, mais difícil ainda a meu ver é enviar pessoas todos os dias para o
corredor da morte, ou pior, para uma cela onde não haverá nenhuma estrutura onde
esta pessoa não apenas pense no que fez, mas que também pense que é possível
uma vida fora dali após se redimir dos seus erros.
Um ser humano sempre nascerá puro
e será sempre corrompido pela sociedade. Cabe a própria sociedade encontrar formas de educa-lo
enquanto é tempo ao invés de encaminha-lo ao corredor da morte de uma forma gradativa. Enquanto
dividirmos a sociedade entre quem pode pagar e quem estuda de graça,
continuaremos também fazendo com que a desigualdade seja ainda maior e este
seja um ponto importante a se perceber que ninguém entra no crime porque quer,
penso que se todos tivessem acesso a o que é certo e ao conhecimento, teríamos
mais cientistas, artistas e educadores, teríamos menos pastores e muito menos complexos
prisionais. O contingente policial seria reduzido e as industrias bélicas não
teriam serventia. Quanto mais lutamos contra nós mesmos, mais nos
desvalorizamos e mais caminhamos rumo a própria extinção.
Entre a corda e o nó sempre
haverá um inocente.