Os quadros e espelhos tinham nome, algo que não se parecia
com alguém ou não lembravam nada. O mundo estranho era como se uma vida inteira
tivesse se estragado e não falo apenas de vidas e sentimentos, descrevo o
orgânico. O mundo estava preto, como num Guernica. Sofrimento, animais meio
gente e tudo meio a meio. Algo acontecia no mundo nas vistas de um cidadão que
apenas sentado em seu leito após o despertar, entenderia que abrir os olhos e
manter-se vivo não seria o suficiente.
As plantas negras, secas, remetiam ao carbono. Não foram
queimadas ou atingidas por grandes temperaturas. A erosão deu-nos a resultante,
no fundo, o ar, a água e a terra são degradantes elementais.
Algo na matriz se
moveu, senti como se uma rajada de vento tocasse meu rosto neste dia em que
olhei para o mundo de uma forma mais descritiva. Os quadros pendurados,
milenares, seculares, eu me senti num barco a velas, à deriva.
Os espelhos agora descobertos mostravam que o mundo
invertido não nos mostra muito mais do que o tempo em modo rewind. Não pensavam
em outras formas de vida ou até mesmo um jeito de quebrar o formato padrão de
vida. Em termos mais tenebrosos, findar a necessidade e manutenção da
escravidão humana.
Um nome, um véu, negro, ainda, porém, ascendia na janela do
sexto andar, sozinho em meio ao ar atmosférico. A causa mortis não revelada
criava todo o processo de regressão onde as lembranças se tornavam
perturbadoras. Seres de pernas longas e corpos esguios, cabeças grandes e dedos
compridos. Ambos jogavam Xadrez numa tarde de inverno no parque da cidade,
algo que lembrava hora o Central Park, hora a Red Square... Num jogo totalmente
amigável até que a torre foi tomada, trazendo certo ar de angústia de um lado e
vingança de outro. Neste momento, via-se o Kremlin ao fundo.
Uma rainha deposta
após o sacrifício da torre, tornou o reinado bem mais complicado, agora em
vermelho, puro sangue contrastava a neve que caía em Moscou.
O rei manteve-se em seu lugar até que a força o remeteu para
baixo.