O céu amanhecia vermelho, o estandarte levantado com louvor, podia-se ver a passeata cruzar a praça central. Aqueles jovens estudantes, agora sabiam bem o que queriam para si. Liberdade, todos protestavam contra o atual governo, era tão bonito, aquela manifestação onde marchavam rumo a sede principal.
Do alto edifício comercial onde um jornalista tentava algumas fotos, do 9º andar, estava difícil conseguir alguma coisa boa, Mauricio, ao perceber a falta de luz no bloco e com o sol batendo na janela não havia meios de conseguir alguma imagem que fizesse jus ao movimento.
Mauricio desceu os nove andares pelas escadas, sem parar, pois poderia perder qualquer acontecimento. Os edifícios em construção tornavam a paisagem um cenário belo a seus olhos. Seria uma junção entre a juventude lutando por seu futuro e aquele esqueleto de metal sendo o inicio de uma nova era.
Chegou ao térreo, preparando a câmera, a multidão já passava por ali. Conseguiu algumas fotos. Até ser confundido por um manifestante que o abraçou, levando Mauricio na passeata.
O limite foi imposto, o perímetro de 2 km da sede, onde se instalava o general. Dalí ninguém passaria, a não ser os próprios integrantes das forças armadas.
Mauricio não achou má idéia fazer parte daquilo, estava trabalhando sob as asas da censura. Aliás, não era jornalista de fazer matérias em prol de um governo destes, sendo totalmente a favor da revolta.
De repente, o tumulto se deu inicio...
Pessoas corriam para trás, o exercito abrira fogo contra os manifestantes. Sem sequer haver qualquer invasão, violência gratuita. Atiraram a mando de altas patentes. Deu-se inicio a um massacre. Foi difícil para ele, ver aquilo e não se chocar. Porém, seu instinto fez com que se armasse de sua câmera e foi de encontro ao caos que estava naquela rua.
Mauricio podia ver dois jovens, um chorava, tentando expressar alguma coisa, o outro o segurava em seus braços, o sangue escorria por entre os dedos daquele rapaz, que tentava levantar seu amigo que aguardava somente seu desfecho. Mauricio bateu algumas fotos daquela cena, não podia mais ajudar, pois naquele corpo não havia mais vida.
Sentindo um leve contato em sua cabeça, virando-se para o agressor bateu sua ultima foto. O sol surgindo por entre os prédios lá no alto. No canto da fotografia uma arma e um soldado, o mesmo que tiraria sua vida. Mauricio, executado ali mesmo, ajoelhado enquanto contemplava o prazer de seu oficio.