As moças no balcão aos berros pedindo mais uma gelada. Pediam não, ordenavam. O garçom mais que depressa abria com alegria uma, duas, três garrafas, as meninas estavam em pé de guerra quanto ao desempenho de seus times no campeonato nacional. Quando de repente uma delas sinalizou para fora do bar, ninguém queria saber o que era de inicio mas foi por curiosidade que uma delas olhou (não só olhou, como olhou de novo).
Entrava no bar o Robertinho, menino novo aparentava ter uns 23 anos, bem apessoado, com trajes mínimos, debruçando no bar com cara de medo (medo daquela mulherada que o secava de cabo a rabo, diga-se de passagem, assim como comentou a senhora da mesa 15, - Que rabo). Robertinho olhou com desprezo, desapego. Entrou meio sem saber o que fazer naquela situação embaraçosa, foi até o balcão onde continuava sendo o centro das atenções pediu um Refrigerante de limão (não citarei a marca) pagou e saiu. No caminho encontrou sua irmã na mesa 30 que o olhava com cara de espanto e ao mesmo tempo franzindo a testa e balançando a cabeça em forma de desaprovação.
- Onde pensa que vai nestes trajes (dizia Flávia, irmã de Robertinho)?
- Vim só até aqui comprar um refri pro almoço, a mãe pediu (Robertinho se justificava).
- Mas você está vestido que nem um putinho (Neste momento, Flávia se exaltou devido ao alto consumo de bebidas alcoólicas).
- Para de falar assim comigo, você está bêbada (O bar silenciou, a conversa baixou e todos olhavam para aquela cena).
- O que você disse (Flávia agarrando Robertinho pelo braço)?
- Você está me machucando, para de fazer isso me deixa ir.
- Se eu ver você nestes trajes de novo passando por aqui, vai se ver comigo seu putinho (Flávia em tom de ameaça). E ai de quem assoviar mais uma vez, olha o respeito com o meu irmãozinho, bando de canalhas.
Robertinho saindo do bar às pressas, levava o que restara de seu orgulho e aquele refrigerante sabor limão. Ouviam-se assovios de aprovação ao modelito shortinho/blusinha (de ficar em casa).
Lá fora ainda havia rastros daquele perfume arrebatador. Aquelas meninas uivavam ao sabor da cevada e amendoim, nas mesas mais requintadas, porções de batatas e salgadinhos. Mas ninguém escapou da visão do paraíso que Robertinho causou, “descausou”, causou novamente e ainda causa. O circo voador passava pela rua com sua trupe de malabaristas, animais adestrados e toda aquela algazarra, mas ninguém viu.
Robertinho sorriu (mais tarde) da situação de ciúmes e também das cantadas recebidas, é claro que fez de propósito para causar aquele alvoroço no bar, fez mesmo, sabia que tinha um corpão. Até se perfumou e fez as unhas, malandrinho.