Existem dias em que as coisas fluem de forma a nos fazer
pensar um pouco mais fora da caixa e compreender os papéis de todos ao nosso
redor sem esquecer que a vida é uma provação sem fim, onde as leis nos mantêm no
jogo árduo da liberdade.
As vezes nos colocamos a pensar em como seria a vida destas
pessoas se por um acaso não existíssemos, é uma provação, pois, por muitas
vezes caímos no pensamento de que talvez isto realmente fosse uma ideia
palpável e também as vezes pensamos no mundo como um imenso redemoinho no qual
apenas somos carregados até o centro escuro e desconhecido, qual o legado
deixado por nós? Quais as verdadeiras coisas que nos impulsionam e quais as
desilusões que nos trouxeram até aqui? Por que suportamos as coisas por um bem
maior, se as vezes o bem maior é também apenas uma ilusão?
As feridas deixam cicatrizes, calam nossa voz, transformam o
nosso caráter já moldado com unhas e dentes desde a infância. As feridas
permanecem abertas em nossas memórias e, a questão ainda permanece viva em
nossas cabeças, em nossas memórias. Somos seres humanos, erramos, acertamos,
pedimos clemência e aceitamos muitas vezes coisas que não desejamos aos outros
e um fato interessante da vida é que tudo se parece tanto com o passado
distante, o ser humano cresce e a mente deixa de evoluir na imprudência de um bebe acalantado em seu berço e cobertor.
No tarot, o Enforcado mostra não apenas quem você é e a sua
situação, mas mostra quem você deve deixar para trás, quem você deve esquecer e
quem você deve ser. Ao morrer, não em vida, mas com a simplicidade de aceitar
as mudanças, uma questão confronta com as nossas mentes, quem você gostaria de
ser quando estiver no meio fio entre a vida e a morte? De quem você lembraria
neste momento? Onde seria? Como faria? Se pudesse, daria a mão aos seus
inimigos e pessoas que te fizeram mal? Abraçaria as pessoas que te fizeram bem?
Conseguiria pesar tudo isso antes de partir? O enforcado, além de tudo, te avisa sobre maus bocados, mas
também de instrui a enfrenta-los com alegria e entusiasmo. Esbarramos em uma
frase sem sentido na qual pensamos “qual seriam nossas últimas palavras” se o
nosso fim fosse hoje?
Quando vi aquela carta de tarô, pensei: "Este é quem eu
sou agora, o homem enforcado." Talvez esse fosse o meu destino. Meu
próprio ancestral tentou me matar. Talvez não fosse para eu existir. Talvez
não. Mas eu mudei. Lembra quando me perguntou sobre minhas últimas palavras? Eu pensei que sabia quais seriam. O que importou foi o
último rosto que vi.
O seu rosto.