Um dia comum para Alex, estava acostumado com o clima tenso daqueles tempos.
Ao acordar, tomou um banho rápido, se vestiu com a camisa do partido, sabia que a parada seria reprimida pelo exercito, mas mesmo assim queria fazer parte, lutaria por um país livre.
Beijou sua mãe de uma forma diferente, sabia que poderia não voltar mais, mas não deixou transparecer não queria preocupar dona Eva e nem que ela se pusesse ao perigo de segui-lo. Ela sabia que Alex tinha fortes influências para brigar contra o sistema, seu pai, torturado e morto pelas forças do governo.
Era bem cedo, o sol nascia ainda por entre os prédios comercias e residenciais que se misturavam de forma homogênea. Não se sabia ao certo se daquele dia em diante as coisas mudariam, Alex, queria ver a mudança. Por isso se organizou para que a passeata acontecesse e realmente aconteceu.
Saíram diretamente dos portões da faculdade, muitas pessoas gritando o nome da pátria:
- BRASIL! QUEREMOS NOSSA LIBERDADE!
- BRASIL! LIBERDADE!
Aquela multidão gritando e marchando no caminho da rua principal. Transito congestionado, alguns ao ver a multidão, saiam de seus carros para protestar também outros se recolhiam em suas casas com medo da represália, mães correndo com seus filhos pequenos buscando proteção, temendo o pior.
Tiros eram ouvidos, vindos do cerco montado a uns 2 km da sede do governo. A multidão começava a se dispersar, porem alguns ainda mantinham a marcha e apertavam o passo, o som de vários tiros e calmaria, Alex é atingido no peito.
Caindo ao chão, sem movimentos, poderia mais tarde ver Carlos correndo ao seu encontro, Alex ouvia alguém gritando seu nome, um som abafado pelos gritos das pessoas atingidas ou até mesmo pelo som dos tiros, o levantando do chão. Carlos estava horrorizado com a cena e com todo o clima, com as mãos literalmente lavadas pelo sangue de Alex.
O medo tomou conta de Alex, que em um ar de desespero dizia:
- Meu camarada, diga a dona Eva, que eu morri por nosso país, diga a ela que não haveria melhor mãe, diga que eu a amo.
Alex não tinha mais controle sobre si mesmo.
Antes de fechar os olhos, veria Carlos chorar pela primeira vez. Alex chorou também, lagrimas caiam de seus olhos antes de perder os sentidos.