(tosse) Começava a escrever
talvez um quadro bem conhecido por muitos (tosse), talvez não soubesse ao certo
quem era ou qual o significado daqueles olhares para seu rosto. Seu corpo
atrofiava a cada esforço a mais (pigarro).
Rodeado por alguns conhecidos e
por alguns que não lembrava, procurava no outro lado do cérebro (tosse), o lado
racional o que geralmente resolvia aqueles cálculos infalíveis matemáticos e
estratégicos (pigarro). Não encontrava nem no mais profundo de sua memória uma
tese que poderia servir ao coma. Estava simplesmente inerte.
Foi na noite em que dormiu ali,
sozinho, naquela cama que sobrava espaço, sobrava um lugar. Ele sabia quem
faltava (pigarro) (tosse) (pausa), sabia muito bem quem faltava ali ao seu lado
ao menos segurando sua mão, ou recostada em seu corpo (tosse).
Lembrava-se de noites sentados no
sofá comendo pipoca e assistindo aquelas comédias pastelão (ameaçou um sorriso,
mas era impossível), gemeu, sentindo alguma coisa encostar-se a seu rosto, de
olhos abertos enxergava uma escuridão que não parecia (pigarro) aconchegante,
muito menos atraente naquele momento de uma simples curiosidade.
O abandono daquela mão que não
sabia de quem era.
Duraram anos, décadas.
Um apito que acompanhava as
batidas de seu coração, ainda batia, batia mais forte quando a memória resolvia
passar aquele filme novamente, eram os mesmos batimentos descompassados que se
ouviam quando aquelas mãos se encostavam.
Ele não se arrependera de algo,
simplesmente não saberia o significado desta palavra. (tosse) Descansou em paz.
Naquela noite, a ultima antes de
desligarem os aparelhos, uma lágrima escorreu de seus olhos, sozinho, no mais
íntimo de seu ser. Encontrou-se consigo mesmo ali, logo ali, sem começo, nem
meio e nem final.