Alcançar o céu já não era o bastante.
Queria o infinito, buscava o encontro entre os deuses. Suas asas negras
lembravam as de um corvo, voaria cada vez mais alto até que a pressão não mais
fosse leve. Sentia a fumaça sair de sua pele, o horizonte cabia em seus olhos e
uma lagrima escorria. Assimilando ao dia em que partiu daquele lugar rarefeito.
Ainda sujava o céu, seria apenas um ponto negro enquanto
caia. Não suportando a atmosfera, explodindo como um cometa sua cauda reluzia o
fogo que saia de sua boca. O sopro do dragão inflamava seu corpo.
Ainda em chamas arriscando um pouso forçado, rompendo as
barreiras do som, criavam-se as nuvens juntamente aos estrondos. A água ainda
imóvel recebia seu corpo em formato de pedra, rígida, inflexível...
Seus
membros deslocados, as asas destruídas pelo fogo apagado pela água. Não sabiam ao certo o porquê daquele fim, o sofrimento
contido a fim de libertar-se, sem motivos a ser analisados, sem questões a
levantar. Daquele momento em que o mundo já não servia, fez-se o salto. Fora de
controle, em pleno voo se deu conta que não flutuava, mas em queda livre é que
surgia.
O sol no horizonte apontava o ultimo suspiro, a redenção.
Criou-se o limite entre o firmamento e o imaginário. Perpetuando assim, sua imagem e semelhança. Mostrando não se
importar com os fatos predispostos pela crença, não seria mais necessário
enfrentar o mundo, o divino já não era o mistério e o fim já era previsível.
Arrependeu-se.
Antes de tocar o solo.