domingo, 4 de novembro de 2012

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O sol quente lá fora assistia a céu aberto, fascinado, a tempestade que caia dentro do ser imutável, congelado, transgressor. Era o ultimo dia de suas vidas ou talvez não. Apenas lia o jornal com cara de poucos amigos, não gostava das notícias vindas do exterior lá de fora. As grades soldadas na janela tinha plena consciência que estava preso, incapaz de mover-se, viu seus planos pelo chão.

Chovia.

Raios, trovões, relâmpagos...

Um clarão fez com que o corpo reagisse num espasmo. Atordoou-se quando leu que o programa origem estava na versão 2.0.1, algo havia mudado na matriz. Teve medo de abrir as janelas, mas venceu. As grades foram excluídas do pacote, ganhou o sonho da liberdade. Abriu o portão com a chave 1.0, viu-se no paraíso proibido enquanto lágrimas escorriam de seu rosto. 

Havia mais pessoas ao seu redor, saindo de suas casas pela primeira vez, admirando a clara luz do dia com certo receio. Ficaram todos ali, olhando uns para os outros com cara de mistério. As pessoas que passavam pelas janelas não se importavam com os “recém-chegados”, deu-se conta do processo em que viviam, pensou em algo que gostaria de comer, algo que viu na TV, com uma cara boa pra chuchu (era assim que falava o comercial, somente para delivery).

Olhou para as peles azuis, as ondas eletromagnéticas poderiam fundar um novo império, a lei da atração funcionava, a lei das maquinas não. Apesar dos processos e modificações da programação, o aquário permanecia intacto, peixes e cores. A evolução prosperou, a revolução não.

O deus maior, olhando para baixo, tinha uma postura bem marcada: “coloquei-vos no mundo, tenham piedade de seu semelhante e cuidado para não sucumbir ao credo”, ninguém sabia disso, nem mesmo os que já estavam ali há muito tempo. 

O ser que saiu de sua casa, olharia para o céu e ajoelhado não clemência, mas por fraqueza, voltou para casa, cansado do mundo lá fora, a chuva não cessara e o mundo não parou, numa chuva de meteoritos, observou a coisa mais linda que vira em décadas, da janela de sua sala.