Hiroshima, 6 de Agosto de 1945.
Alto valor industrial, quartéis da Quinta divisão e o Segundo Quartel-General do Exército de Shunroku Hata, Marechal que comandara a defesa de todo o Sul do Japão durante a segunda grande guerra. Hiroshima estava exatamente como no inicio dos conflitos, considerada uma base menor e de pouca importância aos olhos dos aliados, não seria suficiente para armazenar e transportar suprimentos para as tropas japonesas. A cidade então, com o desenrolar da historia que marcaria a humanidade tornou-se um centro das comunicações.
Os edifícios de concreto armado contrastavam com as casas de madeira, a cidade poderia facilmente sucumbir ao fogo, uma população de mais de 350.000 habitantes, estava reduzida a pouco mais de 250.000 (baseado nos registros do governo Japonês), devido à evacuação sistemática da população.
Avançava pelo céu Enola Gay (B-29) trazendo consigo Little Boy.
Em Tóquio, perdia-se contato com a estação de radio de Hiroshima, seriam os primeiros sinais. Uma tentativa de restabelecer o programa através das linhas telefônicas, mas também falhou. Notaram também que a principal linha de telégrafo ao norte de Hiroshima havia parado de funcionar. Das estações de trem, tinha-se noticias não oficiais de que houvera uma grande explosão na cidade, noticias que foram retransmitidas ao Quartel-General do Estado-Maior japonês.
O silêncio vindo daquela cidade confundia os homens do Estado japonês, em opinião quase que unânime, diziam que nada de importante ocorrera e que eram somente rumores.
Foi enviado à Hiroshima um oficial em um vôo para o sudoeste e após 3 horas, piloto e oficial não podiam acreditar naquilo. A cidade devastada ainda ardia em chamas, avistavam também uma grande nuvem de fumaça (conseqüência da explosão). O numero total de mortos 242.437 pessoas, dentre elas, as que estavam na cidade no momento da explosão e mais tarde as que foram expostas a cinza nuclear.
Depoimento de Sumie Kuramoto, que presenciou o ataque aos dezesseis anos de idade:
“Nunca esquecerei esse momento. Pouco depois das 8 da manhã, houve um estrondo, uma explosão reverberante e, no mesmo instante, um clarão de luz amarelo-alaranjado entrou pelo vidro do telhado. Ficou tudo tão escuro como noite. Um golpe de vento atirou-me no ar e a seguir no chão, contra as pedras. A dor estava apenas brotando quando o prédio começou a ruir em torno de mim.
Aos poucos o ar se aclarou e eu consegui sair dos destroços. No caminho para um dos centros de emergência vi muita confusão. As ruas estavam tão quentes que queimavam meus pés. Casas ardiam, os trilhos de bonde irradiavam uma luz sinistra e no local de um templo pessoas se amontoavam. Algumas respiravam, a maioria estava imóvel. No pronto-socorro chegava gente correndo, as roupas rasgadas, chorando, gritando. Alguns tinham o rosto ensangüentado e inchado, outros tinham a pele queimada caindo aos frangalhos de seus braços e pernas. Em um bonde vi fileiras de esqueletos brancos. Havia também os ossos de pessoas que tentaram fugir. Hiroshima tinha se tornado um verdadeiro inferno."
“Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada...”