Sentado, estático.
Teclas e letras deturpavam o conhecimento e a maior parte de
sua alegria. Ouvia gritos de dor, mas era algo mais profundo. Nos fios de
cabelo, grudados por todo seu corpo fazia com que o sétimo céu baixasse ao nível
dos pés. Musica no rádio perturbava com um ritmo alegre e não entendia o porquê. Apenas vivia.
Fechar os olhos era algo que não poderia mais,
aliviava a tensão, sentia como se o corpo se modificasse. Ao redor de seu
casulo conseguia olhar para os transeuntes como se fossem peças de um sistema,
engrenagens prontas para a substituição. Quer queira quer não, sabia apenas
que vivera dentro daquela bolha e sumira num momento inexplicável.
As partículas retornavam com certa atração, como o mercúrio. Ainda
estava ali, observando o mundo e poderia crer que também era apenas mais uma
peça do sistema. Ele seria a engrenagem mor, a única capaz de pensar antes de
consumir.
Mas consumiu, pela ultima vez, caminhava com certeza de que seria o fim.
Fora substituído e
obteve sua liberdade.