No inicio aquilo era meio insosso.
O céu perseverava por
cima de um brilho estranho azul. Era dia de outono, sabe, quando as flores não estão
em seu devido lugar e as folhas secas banham o chão com um aspecto amarelado,
meio, bem, outono. (Não, sem cenário de filme, era outono ainda, o céu borrava
e a poeira embaixo do tapete era ainda algo a se mostrar tão a favor quanto o
resto do dia, carregado, explícito e, como dizer, cinzento.) Não havia folhas e
algumas flores estavam com os dias contados, mas ainda estavam ali recebendo
suas abelhas. É as abelhas que não sairiam do centro financeiro da colmeia,
ora, a colmeia seria apenas um lugar seguro no inverno enquanto a abelha rainha
comia as cabeças de suas servas. As responsáveis pelo mel, ainda vivas pelo
momento.
No gramado. (Não, sem gramado. No chão, os dois sentados
logo à frente enquanto a imagem desfocava da abelha na flor e focava-os.) Eles
estavam admirando o sol, daquele dia de outono, o céu azul permitia que algumas
nuvens bem ralas passassem apenas para manchar o céu de branco. Não havia mais
nada, mãos nas mãos, pés nos pés. Eles se enroscaram ali mesmo, sem muito
pudor.
O vento soprava bem de leve, descrevendo aquela paixão arrancada
de um beijo, dizendo a la Cazuza, “matando a sede na saliva”. (Luz apenas no
beijo, apenas no beijo, apaga, corta.) Giletes, foices e martelos. Cair de um
muro não foi suficiente, o chão desmoronava e quando menos esperavam, era a
hora de voltar para casa, o banho de sol acabou e todo o entorno desta história
de amor foi pelo ralo num vermelho sangue que pintava o céu e os tacos de golfe.
Ela, com as mãos trêmulas, defendia sua honra.
Ele, com o rosto desfigurado defendeu seu parceiro. Seu
grande e indefinível amor.