O sagrado se unia ao mal, todos
meios de comunicação emudeciam para um evento que se tornaria sublime,
pensavam nas garantias, pregões, redenção. Divisas, estampidos de grosso
calibre quando se ouvia ao longe um grito desesperado de dor. Caia por terra o
Deus que tanto diziam ser misericordioso. A cultura do medo fez com que as
pessoas ficassem reclusas. Era a hora da contagem final, quando os mísseis
cruzavam os oceanos, quando as embarcações aportavam e erguiam aviões e
Tomahawks contra povos e civis em nome da paz.
Os aviões tripulados por humanos
ainda viam a destruição e faziam o reconhecimento dos corpos enquanto as ações
despencavam até o momento em que a bolsa de valores desligava seus mostradores,
computadores e telefones. Não era mais possível pular para fora do barco e nem
parar o mundo. A indústria bélica acabara de caçar todos os seus acionistas e
uma catástrofe mundial se iniciava.
A barra de “loading” não chegaria
mais ao ponto de “done”, de que seriam válidos os grandes amores e todas as
histórias retratadas num filme, que por mais fiel que fosse, não poderíamos
comparar o massacre dos judeus durante a ascensão e queda do nazismo a todos os
massacres que a humanidade sofreu e sofre, regimes de exceção acontecem o tempo
todo e somos todos culpados não importando muito sua nacionalidade. Nenhum mal
é maior que o outro.
A imensidão que nos cerca é a
mesma que nos faz distantes de nossa natureza, não sabemos ao certo porque
fazemos e porque estamos neste caminho tortuoso e desvirtuante, para não dizer
torturante. No momento em que vos digo que sabemos do início e sabemos do fim
onde as entrelinhas são de extrema necessidade de aceitação contínua, onde o
oprimido é culpado por ter seu opressor. Chegamos ao ponto que de acordo com
as normas técnicas que são feitas por gente que estudou, leu, mas não tem um
embasamento de origem para destacar os reais problemas de uma sociedade.
O que nos remonta às sociedades
indígenas, onde os homens brancos chegaram, invadiram e mataram os que
habitavam os países nos quais nos encontramos hoje. Se pensarmos de modo que o
homem branco cria leis de proteção, assim como Cortez dizimou os povos
da América dita hispânica. O mundo desde quando se conhece por mundo é rude,
cruel, inescrupuloso e antinatural.
Matamos na origem nossa raça, sabemos que
alguns povos indígenas viviam da caça e da pesca assim como alguns outros, da
guerra. O modo gafanhoto de sobrevivência
nos remete inclusive ao canibalismo figurativamente dito. Matamos pessoas,
personalidades e nos entregamos ao que há de mais sujo no ser humano, o egoísmo
e o utilitarismo, fazendo talvez de pessoas que amamos, verdadeiras escadas para
que o mundo nos seja mais leve. Infelizmente o ser humano parou de crescer em
tribos para se reduzir a uma “selfie”. Do tempo em que para uma fotografia
necessitava-se de um evento todo e mais de uma pessoa. A tecnologia nos deixou burros,
mas um “emburrecimento” que para muitos é interessante.
Voltando à indústria da
guerra, é simplesmente deprimente a forma com que lidamos com o fogo em
território alheio, enquanto surge um pop-up, “acompanhe ao vivo a guerra na
Palestina”, assistimos sozinhos, acompanhados por pipoca, refrigerante e pelo
mundo virtualizado.
Mulheres e crianças sofrem com o
descaso de uma sociedade sem futuro, que massacra as bases.
Atenção mundo
moderno, seu fim está próximo. A tecnologia que nos uniria, está separando as
pessoas, que um dia voltarão às suas origens.
Pelo capital matamos e morremos, por nós e por vocês, o capital
sucumbirá.