As voltas que o mundo dá dentre
os astros e átrios numa cúspide estranha recheada de entroncamentos e devaneios
numa viagem possivelmente só de ida acusam os temores, teores, teorias (a priori)
de forma a se modificar conforme as cítaras se fundem ao som do piano de cauda.
Os motivos pelos quais a vida se
arremessa a frente de um processo de evolução, dentre tantos outros processos,
a democracia mundana nunca foi a democracia vista na forma crua, grega. O poder
se instaura cada vez mais vilipendioso à sociedade que sustenta a metrópole em
campos de papel onde soldados marcham em círculos enquanto o Sol detém do
brilho excessivo em relação às ruas desertas, sem água, sem motivos e sem
sinalizações.
A muito custo adentramos num mar
de possibilidades esperando na janela de um quarto escuro e voltar atrás não é
uma escolha, nunca foi. O passo a frente é inevitável e a discussão de todo o
contexto social é mais que necessária nos dias sombrios vividos e abstratismos à
deriva são apenas notas isoladas em uma partitura rasgada, amassada e atirada
na lata de lixo com desdém perante as notas chorosas de um violino triste se
arriscando por vezes um allegro mas, larghissimo. O problema real
não é a janela aberta ou a escuridão mas, o vento frio que sopra nas ruas, que
invade o quarto e que aos poucos fragiliza o morador que luta todos os dias, o problema
nunca foi a própria guerra mas, a trincheira na qual se protegiam os
combatentes.
Notas tais que remetiam a um cortiço,
paredes em ruínas, sacadas que se encontram ao centro do quintal em um chafariz
que já foi belo e limpo, o chão preto de fuligem, carbonizado com o passar dos
anos, os fios dos varais esticados por toda a arquitetura pobre, o corrimão da
entrada principal do que antes já havia sido um hospício.
Na atualidade servia
de refúgio aos que ali passavam e necessitavam de abrigo, aos que se
apresentavam nos quartos como seres errantes tinham o coração aquecido sempre
com um prato de sopa, rala, mas quente a ponto de espantar o frio por um tempo.
Na sacada numero 9, bem a direita, no terceiro andar, ainda se escutava o piano
em tons mais mórbidos na poesia grazinada de um papagaio velho.