Durante toda uma vida, levam-se anos para saber ao certo o
que realmente se quer, mudam-se as vidas, direitos, deveres, dores, amores e
sabores. Quando pequenos somos mantidos ainda na essência, no desapego pelas
coisas que mais relevantes como dinheiro, emprego, amizades e matéria. Desde
cedo nós aprendemos o significado da pureza de uma vida aos olhos de uma
criança. Já perceberam como é simples a matemática de um garotinho de 3 ou 4
anos? Sim e não são as respostas, e o “por quê?!” entoando pelos quartos e
banheiros da casa. É aí que a gente começa a crescer e aprende que as perguntas
apenas são o inicio de um mundo novo, onde o valor das coisas se parecem permear
além das coisas mais relevantes, perde-se a pureza ao saber o porquê.
Perde-se a pureza ao saber de onde vem o seu alimento, de
onde vem o dinheiro que o papai comprou o seu tênis para ir à escolinha,
perde-se a pureza ao saber que outras pessoas não tem a mesma sorte. Essa tal
pureza nos cerca e nos sufoca, pois aprendemos que infelizmente o ser humano destrói
e corrompe aos poucos suas crianças e seus meios de sobrevivência.
Documenta-se que aprendemos o valor das coisas quando quem
nos ensina simplesmente nos passa o seu valor moral sobre o todo que nos cerca.
A vida acaba por nos ensinar que as coisas mais valorosas são baseadas num
sistema no qual vivemos, aprendemos que hoje o dinheiro é suado para alguns e
fácil para outros da mesma forma aprendemos a poupá-lo para tê-lo depois, mas,
quando seria o depois, o que será do amanhã? Porém, é claro que em raras exceções aprende-se também o que
é o belo e em alguns casos, existem famílias que se juntam em comunidades e os
valores morais já não são tão materiais assim.
O ponto chave desta crítica parte dos meios de produção e do
sistema no qual vivemos. Poderíamos viver puros, sem dinheiro, sem um modo gafanhoto
de destruir o planeta e sem ter muitas explicações. É apenas uma opinião clara
de quem ainda acredita num mundo puro e inocente, haveria coerência em uma vida
onde o sim e o não podem juntos combater as entrelinhas e que nada mais tivesse
explicação?
Convido a todos a uma simples reflexão, não pense na omissão
dos meios e dos pontos chave. Mas num pensamento restrito ao bom senso, onde
pessoas puras respondem sim e não a perguntas cada vez mais simples. Reduz o
ruído, aumenta o silêncio, as conversas se restringem ao belo e ao bom coração.
Qual a medida certa para isso, sem que se tome a ingenuidade como defeito?
“A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à
bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós. Neste
mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora. Milhões
de desesperados, homens, mulheres, criancinhas. Vítimas de um sistema que
tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir eu digo: ‘Não desespereis!’ A
desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em
agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens
que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo
arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade
nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais que vos desprezam,
que vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, que ditam os vossos atos,
as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo,
que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano
e que vos utilizam como bucha para canhão!
Não sois máquina! Homens é que sois!
E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só
odeiam os que não se fazem amar, os que não se fazem amar e os inumanos. Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino
de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas
dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar
máquinas. O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e
bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa.”
(Trecho do discurso final de “O Grande
Ditador”, Charles Chaplin, 1940)