sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Daniel na cova dos Leões

Um bicho enjaulado dentro de um lugar que não era mais o mesmo. A mente ia longe, o corpo não mais. 

Suas preces por misericórdia tentavam explicar o inevitável, não era medo de morrer ou coisa parecida. 

Estava ali, sentada, como uma criança com medo do escuro assistindo o por do sol, sabíamos que a luz artificial não iria muito longe e durante um desastre nuclear, o céu se empanturrou de cinza e marrom. Raios em meio ao pó, chuva esparsa em meio ao clima árido no qual situava sua pele.

Parecia medo da morte. Era o que parecia.

Enquanto o mundo continuava seu percurso rumo ao entrelaço das galáxias, Andrômeda estaria a 2,3 Milhões de anos-luz. O que diria do ser vivente em solo terráqueo.

Uma lágrima escorreu daqueles olhos ao ver que o mundo lhe castigava da pior forma possível, com o medo do tempo o tempo passou. Se entregar a escuridão não é de Deus ou do Diabo, a escuridão por si só é do ser humano, é digno dos seres viventes e pensantes, a dor, o retiro. É por dignidade que os seres humanos se entregam aos prazeres e se vão pelos arredores. 

Cada prazer, sua culpa, cada momento, seu pesar.


Não morria, minguava.