Um bicho enjaulado dentro de um lugar que não era mais o
mesmo. A mente ia longe, o corpo não mais.
Suas preces por misericórdia
tentavam explicar o inevitável, não era medo de morrer ou coisa parecida.
Estava ali, sentada, como uma criança com medo do escuro assistindo o por do
sol, sabíamos que a luz artificial não iria muito longe e durante um desastre
nuclear, o céu se empanturrou de cinza e marrom. Raios em meio ao pó, chuva
esparsa em meio ao clima árido no qual situava sua pele.
Parecia medo da morte. Era o que parecia.
Enquanto o mundo continuava seu percurso rumo ao entrelaço
das galáxias, Andrômeda estaria a 2,3 Milhões de anos-luz. O que diria do ser
vivente em solo terráqueo.
Uma lágrima escorreu daqueles olhos ao ver que o mundo lhe
castigava da pior forma possível, com o medo do tempo o tempo passou. Se
entregar a escuridão não é de Deus ou do Diabo, a escuridão por si só é do ser
humano, é digno dos seres viventes e pensantes, a dor, o retiro. É por
dignidade que os seres humanos se entregam aos prazeres e se vão pelos
arredores.
Cada prazer, sua culpa, cada momento, seu pesar.
Não morria, minguava.