Ela sentava-se na areia admirando o sol. As ondas ainda se
quebravam nas pedras tornando um cenário digno de um amanhecer.
O mar parecia calmo com as marolas que mal chegavam à praia,
enquanto um avião riscava o céu azul com algumas nuvens se desmanchando com os
ventos matinais. Era uma cena bonita, como aqueles cabelos negros que
repousavam por suas costas bem definidas.
Um olhar para o lado a fez perder um momento do sol que
subia sem trégua, o vento levou aqueles cabelos a favor de seu rosto, balançou
a cabeça a fim de retirar os fios que atrapalhavam seus olhos e o objeto que
desviara sua atenção.
Ela observava os carros passando pelas ruas que faziam
fronteira com a praia, a divisão entre o urbano e o irreal, aquela praia não
fazia parte da cidade assim como a cidade não fazia parte da praia, assim como
ela não pertencia a nenhum mundo. Dificilmente saberia explicar qual o mundo
que ela pertencia, talvez não fosse cidadã da vida mundana, talvez fosse a
ultima sobrevivente de sua espécie.
O sol já estava descolando do horizonte, ela levantava-se da
areia em alguns movimentos com as mãos limpava suas pernas de um modo agressivo
aos olhos daquele que se julgava inocente. Quem passou por ali pôde obter uma
visão do paraíso. Quem olhava o sol, não olhava mais.
Ela sumiria após o ocorrido, desvaneceu.
Ninguém sabia explicar, nem o que dizer. Ainda boquiabertos
com tal cena, procuravam por rastros, qualquer tipo de pista que levasse à ela.
Difícil descrever o momento em que aquele céu acinzentou e o Sol se escondeu. A
neblina deu o ar de sua graça. E todo o paraíso se desfez, diante de meus
olhos.