Vermelho. O self estava mais aguçado, era
quente em partes e frio no maior período espaço/tempo.
Respiração ofegante, o ar parecia
não preencher totalmente seus pulmões. Olhou para as costelas, já esmagadas
pelo esforço desnecessário que o externo fazia, ouvia um som abafado meio
desencontrado, mas entendia apenas a palavra “ferragens”. Medo de alguma coisa
ter se chocado com a matriz, medo do mau tempo. Ninguém sabia, mas quando olhou
por entre os tecidos, os raios se quebrando no
céu e arrebentando a terra, estremecia por todo o arredor. Não era culpa sua,
apenas um dado que fora lançado.
Girando e girando, no olho do
furacão, parou e acompanhou os ventos passo a passo. Devagar foi se livrando da
clausura, como se suas correntes se partissem. A pele já dilacerada, agora
tinha um aspecto de necrose, viu como num piscar de olhos tudo aquilo sumir.
Estava num oásis.
Sentiu a luz se aproximando.
Abrir os olhos, entender o
cenário, o relógio parado na hora zero. Piazzolla e seu bandoneón ao fundo. Estava
de volta entre raios e uma tempestade que batia com violência na janela. O café
estava pronto, mesa posta. Rabiscou
qualquer coisa num caderno que mantinha sobre a cabeceira e levantou-se. Ao
sair do quarto, percebeu que estava em uma cratera escavada por um Boeing 787 dinamitado.
Buscou a fechadura, era seu porto seguro.