segunda-feira, 6 de abril de 2020

Uma carta


Quando o mundo se afunda e você não tem para onde correr, o único refúgio está em si mesmo. Você não pode obrigar as pessoas a confiarem em ti, mas, as suas atitudes sempre serão um porto seguro contra todas as mazelas.

O primeiro passo é confiar em si mesmo e manter sempre o seu caminho aberto para a felicidade. Ser feliz de fato é uma caminhada, já que a felicidade é e sempre será baseada em um momento no qual você sempre terá duas escolhas, mantê-la em sua memória ou esquecê-la para sempre.

Aquele frio na barriga é característico, acordar todas as manhãs com um propósito diferente na cabeça, pensar, agir e sempre manter a sobriedade perante os acontecimentos mundanos é uma porta para a felicidade, ela acontece, ela se mantém mas, no menor deslize ela se vai e se vai muitas vezes para não voltar mais. É uma equação complexa na qual nos dispomos a interferir diariamente e muitas vezes nos deixamos levar pela tristeza de um momento e ali a tristeza fica, assim como a alegria.

Por isso o ideal de vida tem dois lados (sem levar em conta distúrbios psicológicos) a escolha sempre será sua e unicamente sua. A questão principal é sempre aquela pela qual nos faz levantar da cama e sorrir e não há problema em ter dias ruins, nunca houve, o problema está em não tentar fazer com que eles sejam bons, reverter o jogo é fundamental em alguns aspectos. Sorrir de fato, olhar para os lados e ver a beleza que te cerca, ver que as vezes nossos pensamentos estão recheados de coisas que supomos e por supor coisas nós acabamos por nos afundar em nossa própria contradição afinal, quem veio ao mundo para ser uma pessoa triste?

Quem está aqui para sofrer? Quem está aqui para de fato utilizar dos anos que correm em contagem regressiva, de forma a gozar de uma vida, com seus altos e baixos sim, mas, de fato pensar na mais valia de sair da cama todas as manhãs? A vida é curta, o processo é lento, os diagramas surgem em ritmo alucinante, os sorrisos se desfazem, as contas continuam a entrar pela caixa de correio e o dinheiro vai faltar (pode ter certeza). A busca pela felicidade está no momento e também está na manutenção dele. Há quem consiga sorrir nos momentos mais difíceis e há quem consiga desabar a qualquer conflito. O meio-termo se faz necessário para que a força esteja em nós, não seremos malucos e não seremos fracos. A felicidade está no amor tanto quanto o amor está na felicidade e sem ambos, bem, retorno a questão do início do parágrafo.

“Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
sem falta lhe terá bem merecido
que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piadoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
seja por cego e apaixonado tido,
e aos homens, e inda aos deuses, odioso.

Se males faz Amor, em mi se vêem;
em mi mostrando todo o seu rigor,
ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de amor;
todos estes seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.”

                                                Luís de Camões