[leia sussurrando] Os talheres de
ambos os lados do prato, eles se contorciam e de forma descendente de dentro
pra fora seguiam a etiqueta. O céu se fechava para mais um temporal e na hora
do relâmpago a luz se apagou [até aqui], retornando após alguns segundos. Deu
pra ver o clarão que não deixou de formar aquelas sombras estranhas na parede em
frente à janela. Os castiçais na mesa, não permitiram faltar a luz, as crianças
corriam para o abrigo dos pais, deixando a brincadeira de lado, no fim, todos
riram, pois não era sempre que a luz acabava.
Sempre que as crianças brincavam
no jardim, juntavam-se os mais velhos e os mais novos, brincadeiras de roda,
pique esconde, pega-pega. Os maiores já brincavam de ser grandes, imitavam os
trejeitos dos homens mais velhos, servindo-se de bebidas e gesticulavam como se
degustassem de um delicioso cachimbo após a refeição. Gesticulavam também os
gestos, durante um bate-papo mais descontraído, porém nunca saíam do trivial ou
do dito tradicional. Sentavam-se com certo cuidado, sem erros, duros com suas
posturas e concisos nos discursos.
Chapéus das mais diversas formas,
variadas cores e o preto para os homens. Afivelados, penteados padronizados,
vestimentas longas, calças sociais, ao invés das botinas, sapatos devidamente
engraxados. Todos preparados para mostrar seu melhor para a sociedade.
Eram observados por seres que na
viviam ali, ao lado. Ao redor, lambiam os beiços com os pratos que eram
servidos. Não entravam em contato com as crianças limpas e nem ao menos
chegavam perto dos mais velhos. A festa estava fechada.
[sussurrando novamente] As
crianças não entendiam porque estavam do lado de fora e arriscavam pedir para
entrar, batiam na janela e os seres de dentro nem sequer prestavam atenção. Os
mais velhos não queriam mais perder tempo, voltaram para a aldeia levando suas
crianças para o aconchego do lar, com fogueira e brinquedos de restos de
brinquedos, comem o de sempre e sempre dormem em suas casas feitas de restos de
construção. São tudo e dos mais variados modos, menos resto [até aqui].