Acordar de mais um dia, percebia que não havia nada que manteria seu corpo adormecido naquela cama. Levantou, lavou seu rosto apenas e aquela casa se via distante após iniciar uma caminhada matinal, um tanto quanto incomum, pois caminhar não seria lá seu esporte preferido ainda mais numa manhã tão cedo.
Um propósito tomava conta daquele corpo, algo no fim daquele caminho, faria com que a dor nos pés descalços causada pelo frio que fazia naquela manhã fosse suportável, a dor vinha também do mato cerrado e seco que os pés pisavam. Uma dor aguda que os fazia fraquejar no passo.
Chegar ao destino não houve espanto, saberia o que o esperava ali, uma paisagem negra, o mato foi exterminado pelas chamas que ainda ardiam, alguns galhos retorcidos pelo fogo e outros estavam em chamas ainda. Aquela visão mórbida fazia mal aos olhos e embrulhava o estomago.
Os pés cercados pelas cinzas se aqueciam no fogo que ainda existia naquele tronco derrubado na noite anterior. Peso na consciência por aquecê-los em um local onde foi cometida aquela barbaria. Os animais que viviam ali retornavam dos subterrâneos para verificar o estrago que ferveu a terra.
Retornando, com os pés nas cinzas que ainda queimavam como penitencia, queimavam com uma dor estranha que causava calafrios. Podia-se facilmente notar a diferença entre a fronteira existente pelo inicio do inferno e o fim do paraíso. Paraíso pelo qual as chamas não conseguiram ferir. Os pés sujos, pretos ainda sentiam as dores das queimaduras. Meus pés intactos sentiam aquele fogo queimar pelas marcas no caule das árvores.
No retorno, o mato ainda vivo servia de descanso para os pés. Que estavam ardendo, o frio que antes mal tratava, agora era um alivio.