quinta-feira, 9 de junho de 2011

Silêncio Travado

Em meio as chamas, deslizando sobre os feixes de luz.
O fogo ainda queima.
Rastejando sobre o combustível, deixando suas marcas, traços.
Refaz o descaso, descuida, atrasa.
Cai no sono, desperta em brasa.
Finge-se de morto, fatalmente explode...

Entre dutos descuidados, perfura, jorra, polui.
Fere o semelhante, faz jus ao ser divino.
Apaga da memória, sela o vicio, o ciclo.

Após a redenção, após a benção, o refugio...
Após o termo, apos contrato... o acordo.
Sem méritos, sem honra...

Morre...



Tão Distante - Parte 3 - O início

O desconhecido me aguarda, realmente não tenho idéia do que está por vir. Quem sabe um lugar onde possa fazer moradia ou ao menos com condições de montar acampamento.
Enfim encontro um terreno em bom estado, sendo possível a montagem da minha barraca. O frio ainda é forte aqui, mas a neve não cai mais, talvez por um tempo limitado, tendo em vista que não devo estar muito longe. Meu instinto não me permite aquietar-me já que sinto no ar uma aproximação.
Noite em claro, aguardando por contato de algum tipo de fera ou ser humano.
Noite calma, apesar do vento frio que congelava os dedos. Meus sentidos ainda detectavam alguma coisa. Sentia um cheiro estranho no ambiente, o corpo arrepiava com uma onda de ar, seria o frio?
Algo aconteceu naquela noite, não me lembro muito bem. Meu corpo estava paralisado, não pude olhar para trás, não era medo, juro! Simplesmente algo tomou conta de mim num momento vulnerável. Lembro-me de uma forte dor na cabeça, não de pancada, mas de dentro pra fora.
Me vi caído ao chão coberto pela neve que ainda estava lá apesar de não mais nevar.
De certo modo fui espectador daquela cena que insiste em pinçar minha memória. Senti o gelo em minha face, congelando cada parte por onde tocava. Lembro-me também de voltar a minha consciência ainda no chão. Nada foi saqueado, nada foi destruído. Simplesmente aconteceu. Inicio, meio e fim. Um simples pesadelo... ou não.
Resolvi esquecer deste episódio tétrico. E continuar minha busca. Afinal a saudade apertava, gostaria de abraçar Aliek e Lena naquele momento. A única coisa que levo deles são lembranças. E esta viagem pode não ter volta. Gostaria de vê-los uma ultima vez.
- Mas pare de pensar essas coisas homem. Eles dependem de você, um pesadelo desses não deve ser levado em conta, deixe de ser bobo. Mantenha essa postura, você vai voltar com boas novas. FORÇA!
Palavras de otimismo realmente funcionam.
Após todo o material recolhido, seria hora de mais uma longa caminhada sem rumo. Avistei uma casa ao fundo da paisagem. Pude notar que havia fumaça saindo da chaminé, sentia algo errado acontecendo, um clima estranho, lutando contra o frio que macerava meus sentidos, eu estaria à beira da loucura?
Os mantimentos estavam no fim, restando para mais dois ou três dias, quatro no maximo. Era necessário um plano de caça. Mas com essa onda de frio, não havia o que ser feito.
Ao fechar os olhos lembrei-me de Lena e Aliek, saudades dos dois apertavam esse coração duro. Vou voltar, vivo e com melhores condições.
Estava começando a crer que aquela casa poderia ajudar. Porém, uma longa distancia nos separava.