quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Papo de Elevador - nº 6


Um dia de Sol na empresa em que o Sr. Meinfuhrer comandava sua tropa para os testes de aptidão (era sol, aquele mesmo que passava pelas frestas da porta que ligava o estacionamento ao campo de concentr... ao tronc... ao quartel gen...ao escritório). Mas eis que surge a pergunta, teste de aptidão? Sim, todos diziam suas funções e deveriam provar que sabiam fazer aquilo.

O Moreira, granfino, chefe de alguma coisa que nem ele sabia direito explicar, estava com as pernas bambas, hoje seria descoberto que mais mamava nas tetas do Dono daquela espelunca do que o contrário (não levem está constatação no sentido literal da coisa, ele mesmo nem pensou nisso, ainda bem).

O Ascensorista, que chamavam de Washington (devido ao episódio do WC), sabia bem o que fazia ali, era subir e descer, descer e subir (peço que desta vez encarem o sentido literal da coisa, ou não, bem... continua).

A Senhora Clementina, também tinha ideia do que fazia ali e não tinha dúvidas em provar que seus malotes eram entregues sempre na hora marcada pela perua do correio (não era o animal, era mesmo uma coroa toda rearranjada de cabelos feitos e tanto blush que parecia ter levando uns tabefes nas faces), mas falando da senhora Clementina, era uma funcionária exemplar, pelo menos ela tinha certeza disso.

Fora os gerentes de tudo quanto é canto que também mamavam, porém faltaram no dia por motivos óbvios, todos estavam em viagens de negócios. O engraçado é que o Sr. Meinfuhrer cancelava todas as viagens para ninguém perder a tão esperada reunião do teste de aptidão.

E o Silva (o faz-tudo da empresa, geralmente o que varre, limpa, conserta, pinta, cava, tampa, sepulta, reza, dirige, busca as coxinhas da sexta, a mortadela da terça e passa o cafezinho todo santo dia. Ah, ele também ganha pouco), que já expliquei tudo no parênteses anterior. Na verdade era o menos preocupado e estava realmente preparado para o teste, ele vestia uma roupa inteira de lycra, bem no estilo luta Greco-romana (até com protetor escrotal), tênis de caminhada, capacete de motoqueiro e luvas anti-chamas. Dona Clementina que olhava com outros olhos para o Silva (agora casado esperando a cegonha com um rifle, mas, esperava a “desgranhenta”) observava aquele volume na calça sem nem sequer imaginar da existência do protetor. Mal sabia ela, que não via algo parecido desde quando o velho Abelardo tinha seus 50 e tantos (coitada)(coitada?)(bem... ainda que aguentou firme o velho Abelardo... Abelardo).

Então Sr. Meinfuhrer apontou:
“Moreira! O que você faz aqui?

O Moreira, que só pensava em mamar disse em alto e bom som. “EU MAMO!”

Dona Clementina, já prevendo o aviso prévio, justa causa, acerto(sem um puto), olho da rua, mão na frente e outra atrás. Soltava aquele risinho maligno e sarcástico.

Sr. Meinfuhrer, olhando para o Moreira (que já estava com a roupa toda molhada, axilas suadas (porque soada é outra coisa).

Vou te comprar uma vaca e abriremos uma ordenha! Está dispensado. A propósito, prefere que raça de vaca?

O Moreira andando em direção ao banheiro com as pernas levemente flexionadas e entreabertas (para não assar) respondeu “Holandesas”, não conhecia os tipos das vacas mesmo.

Sr. Meinfuhrer, olhando ressabiado para o Washington, querendo saber quais eram suas funções. 

O podre coitado do Ascensorista, que apenas sabia subir e descer, com medo de ser escorraçado respondeu: Eu subo e desço com o elevador... e... e... eu também sei mamar!

Sr. Meinfuhrer se alegrou e disse que compraria então duas vacas, mas uma delas de porte menor para que o “Vashington” pudesse mamar durante o vai e vem (ou, sobe e desce).

O “Godfather” então dispensando o rapaz, já emendou de canhota na senhora (ou Dona) Clementina, que só sabia olhar para aquele volume nas calças do Silva (que vestia uma roupa de luta Greco-romana com protetor escrotal, vejam bem), ela não parava de olhar para cima pensando em seu velho Abelardo.

Dona Clementina! Exclamou o senhor do engenho.

Ela ainda sonhando: - ai Abelardo!...

É pelo visto alguém aqui só faz fofoquinhas fica sonhando acordada com sua juventude de perversões e luxúria, anda por aí, fica coçando seus cabelos e nem entrega as coisas na hora. Muito errado isso hein, senhorinha.

Ela ainda se defendia, dizendo que ela era um exemplo de superação, com seus 73 anos, (para não dizer, todos os seus 73) subir e descer as escadas, entregar tudo, cuidar para que a empresa seja única e líder no ramo de... (de que mesmo?), dizia a velhota, que não aceitaria ser posto a prova todo seu esforço durante esses anos em que trabalhou arduamente naquela espelunca. (ainda esbravejando) ela dizia, “EU NÃO MAMO!”

Sobraram os gerentes, que não vieram e o Silva (o faz-tudo da empresa, geralmente o que varre, limpa, conserta, pinta, cava, tampa, sepulta, reza, dirige, busca as coxinhas da sexta, a mortadela da terça e passa o cafezinho todo santo dia. Ah, ele também ganha pouco). O patrão, chefe ou coisa parecida, olhava com diferença para o pobre coitado, mas já emendou, “Silva, o que você faz com esta roupa?”

 “Eu? Bem, eu malho, eu sou o faz-tudo da empresa, geralmente o que varre, limpa, conserta, pinta, cava, tampa, sepulta, reza, dirige, busca as coxinhas da sexta, a mortadela da terça e passa o cafezinho todo santo dia. Ah, eu também ganha pouco”

“como assim? Ganha pouco?”

“Ah, é só pra finalizar o refrão”

“hum, mas OK, onde você arrumou estas vestes?”

“Bem, os tênis são do meu sogro, essa roupa eu vi numa liquidação e achei que ficaria mais apto ao trabalho já que ela libera os movimentos, as luvas anti-chamas eu peguei emprestado do cozinheiro e o capacete, bem, o capacete eu emprestei do meu amigo motoboy que está deitado ali no saguão, ali, bem no meio”. 

Enquanto o rapaz acordava (sim, o motoboy, que vinha receber umas contas do Ditad... do Sr. Meinfuhrer) ele sentia fortes dores na cabeça e ainda zonzo procurava pelo Silva (que eu não vou dizer outra vez o que ele faz), com cara de poucos amigos.

O Sarney então, sem pestanejar, dispensou também o Silva. E toda a tropa, já remarcando a reunião e a ordenha para o mês que vem.

O Silva (que eu não vou dizer de novo o que ele faz), andando em direção ao vestiário (e não era do clube), parado pelo Senhor Mandachuva que questionava: 

“Você mama?”.


sábado, 25 de agosto de 2012

Nota(-se)


Observando as pessoas, descobrimos que fazem parte de um padrão, que em sua maioria não sabe nem onde está e nem o que está fazendo. Apenas vivem. Limpam. Sujam. Evitam. Tentam. Frustram-se. Chegam ao orgasmo. E após isso, são apenas pessoas.

Pavões, andando por aí para que os outros vejam suas belas (nem sempre, e nos dias de hoje, ainda mais difícil) plumas. Andando com seus parceiros de bando, tribo, turma, matilha ou (por que não?) enxame. Prontos para atacar, o (coletivo) mais próximo. Não dependem somente de seu (coletivo), não cultivam a si mesmos e muito por acaso acabam cultivando o que há nos outros grupos. Eis que surge a miscigenação, responsável por tantos equívocos e por tantas ondas diferentes, tantas vertentes e tantas outras (espécies).

Dentre os seres (humanos) pode-se também existir aqueles que apenas assistem com certo nojo o desfile. Não desfilam, não existem, apenas observam. Olhando com todo o cuidado para não se aproximar demais (do bando). O solitário permanece, observando apenas, pois não é observado, seu papel ali, é de espectador. Mesmo porque, se foge aos padrões não é importante para a dita (ou não) sociedade.

Voltei ao meu ponto de vista, vi jovens sentados na calçada onde a vestimenta era a mesma (e não falo dos mórmons), alguns grunhiam do mesmo jeito. Outros olhavam para as mulheres com a mesma expressão. E no fim, extintos seus instintos, voltam a ser o mesmo nada de sempre, comem, digerem, defecam. E no meio do caminho, veem TV, pensando ser a coisa mais incrível que o homem (Lê-se humanidade) já fez.

Todo o pensar, se foi. Assim como os que pensam, são chamados de inteligente demais, de gênios ou de qualquer outra coisa que designe alguém que foge de padrão (e não digo o padrão de beleza e/ou vestimenta).

Porém, é amedrontador, quando duas ondas se chocam e o mais incrível é que se faz uma guerra por um território que não existe, como cães (latem e se mordem até as ultimas consequências) e após três dias, já se esqueceram de tudo,  novamente voltam para as ruas para mostrar suas belas (nem sempre, e nos dias de hoje, ainda mais difícil) plumas.

(apenas)Notas de um observador.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Inimaginável


Enquanto criava-se no céu, aquele funil misterioso, apenas admirava a beleza dos astros ao seu redor. Sistema solar, sistemas financeiros, sistemas políticos e mundanos. A menina sentada na calçada observando as estrelas não tinha ideia da imensidão e nem ao menos de como aquela calçada foi parar ali. Era curiosa mas não perguntou aquilo para a mãe, que as vezes se irritava com perguntas e mais perguntas, naturais de qualquer criança que descobre o mundo através da janela do quarto, geralmente ajoelhada na cama com os cotovelos apoiados, por horas e mais horas talvez para contar quantos segundos tem o dia, ou então quanto tempo o sol demora para percorrer o horizonte.

Estufou o peito e questionou a senhora que lavava os pratos, talheres e copos. Resmungava também, pois o marido não havia comprado a maquina de lavar de presente de natal, pois é, para aquela mulher, aquilo seria um presente. Não ter a necessidade de não lavar os pratos. Mas, bem, ao ser questionada de como aquela calçada foi parar ali, respondeu com um ar ríspido: “O pedreiro colocou.” A menina olhou bem fundo para as paredes (sabe quando as pupila dilata e a imagem desfoca e nos perdemos no mundo da imaginação) pensando o tal “pedreiro” um cara bem forte que chegou com uma placa de cimento de uns 12 metros quadrados. Ela mal sabia o que eram metros quadrados e nem fazia ideia de como se fazia cimento.

A menina, como era chamada pelos novos vizinhos, sentada na poltrona enquanto passava seu desenho favorito, questionou mais uma vez com aquela entonação que só as crianças sabem como fazer: “Mãe, como é que a TV sai som e o monstro roxo fala?” O pai que chegava do trabalho naquele momento, tinha mais paciência. Filha do meu coração, o som sai da TV por conta da caixa de som, que recebe um sinal elétrico que vem pela antena e vai para o decodificador e depois a TV manda o som para onde é de som e a imagem para onde é a imagem e o monstro roxo fala, por que ele é um ser muito bondoso que gosta de crianças. Enquanto o pai falava, ela já preparava as perguntas pro dia seguinte: O que era uma caixa de som, sinal elétrico e o mais terrível de todos, O Decodificador. Tinha sérias dúvidas se o monstro era um rapaz bondoso que gostava de crianças, mas, enfim. 

A mãe, lá da cozinha preparando o jantar pensava... Cretino.

Passou o jantar, após o jogo entre os times da cidade. A menina já tinha uma lista de palavras de baixo calão para questionar sobre a existência das mesmas. Ah e perguntaria tudo para a mãe, pois o pai estava triste, pois o time de branco fez 2 gols (que o narrador chamou de tentos).

Numa manhã, deparou-se com sua mãe, sentada no banco do jardim, desesperada com uma flor na mão. O que era aquilo, questionou a mãe para a filha já crescida e com uma dúvida até no olhar. Não sabia quem era aquela menina e não sabia quem era aquela flor, não tinha ideia quem era mãe e de quem eram as pétalas. Um menino, sentando no colo da mulher, já formada, decidia se impor e responder. Vovó, isso é uma flor, e é para a senhora.

A senhora sorria sem saber quem era aquele menino, porém aceitava a flor, de bom coração.


sábado, 18 de agosto de 2012

Um Banquinho e um Violão


Aurora boreal em pleno corcovado.

Da janela viu as crianças deitadas no chão com as mãos na cabeça, as mães assistiam e tentavam deter a policia que apenas fazia seu papel na sociedade. Mais tarde, aquele menino maltratado pelo PM, o matava com 2 tiros, pelas costas, um pouco mais velho, aquele menino cresceu levado pelo ódio que tinha apenas dos soldados.

Diziam: "Nossas meninas estão longe daqui, não temos com quem chorar e nem pra onde ir, e se lembra de quando era só brincadeira... Fingir ser soldado a tarde inteira?"

Enquanto do lado do morro, a ilha que se formava durante o cerco, ou poderíamos chamar de embargo. Cada criança com seu próprio canivete.

Enquanto isso, o senhor da guerra ainda não gosta de crianças e todos se afogam num copo d’água.

Caiu em si quando olhou para os próprios pés, descalços, com frio, sujo e desgastado do asfalto que corroia toda a carne. Corrompia os maiores e findava os menores.

Subiu uma fumaça mais densa, pipas, aviõezinhos, chamas, bombas, tropa de choque, tanques e a aurora, ainda ali, aliada, pregada no pico do corcovado, que era visto da janela e o redentor, que lindo.




sábado, 4 de agosto de 2012

Post Mortem


Arriscou um palpite.
Palpitava o coração.
Até que parou.
Choque.
Choque.
Pulso.
Firmou.
Parou.
Choque.
Choque.
Ele está vivo.
Sequelas.
Parou.
Pensou.
Afinal, qual seria o fim?
A luz?
O nada?
Apenas ele sabia.
Mas não contou a ninguém.
Estava morto.