sábado, 22 de março de 2014

Modernidade (com pesar)

Pelo mundo afora, modernidade, celulares, carros com todos os tipos de controle.

No trajeto entre as escutas telefônicas, em densidade, o consumo desenfreado arriscava saltos cada vez mais altos por entre os mundos digital e analógico. Buscavam ainda manter o controle inclusive dos seres vivos que permeavam as florestas em processo de devastação.

Militares invadindo a Crimea, sem identificação, sem uniformes definidos, sem saber suas etnias. Os espectadores dando sua humilde opinião sobre a China, em casa. Protestos combatidos a ferro, fogo e balas de borracha.

As torres de vigia apontavam acima dos arranha-céus, radares, toscos homens em busca da informação. Trafegavam os dados e os civis na mesma frequência. Na mesma velocidade que os carros passavam, rasgando as avenidas. As ondas elétricas permaneciam “always on”, falavam em bits, kilobits, megawatts, giga-hertz. Quaisquer unidades de medida ainda esperavam pelo mundo sem os quilotons. Plantas, animais, animalidades humanas, mundanas.


O equilíbrio, ainda longe de qualquer ponto. Marte chegava com toda a sua força.  Faria seu ultimo contato antes do juízo final. A resistência ainda prevalecia também em ondas, o mar, o único indomável.


terça-feira, 18 de março de 2014

Espelho

Perto do pôr-do-sol, sentados ali, pai e filha.

Ele nunca tinha visto tal beleza e comentava como era rápido o fenômeno.

Devagar por entre as linhas que formavam as nuvens, pareciam de algodão entre cores derivadas do laranja e azul, não se misturavam, contrastavam. A garotinha apontava para outros lados, parecia contemplar não apenas a coroa que se findava no céu junto ao horizonte, ela murmurava e resmungava coisas que pareciam ser adeptas aos novos seres. É como uma inauguração de qualquer coisa, entramos, marcamos nosso espaço e admiramos todas as diferentes coisas, que com o passar do tempo se tornam triviais. A plantinha que crescia na sacada, o risco por falta de tinta que acontecera devido ao tempo, clima e afins, ela contemplava tudo, ao mesmo tempo em que o pai apenas admirava o que lhe era novo. Como já citado, nunca havia visto tal coisa em sua vida e lagrimas teimavam cair de seus olhos durante a cena final.

Aparecendo a mamãe, dizendo coisas sobre a modernidade. Ele beijou-a no rosto, parado no tempo enquanto a luz alaranjada ainda refletia entre as nuvens do resquício de um fim de tarde.


Ficou ali, tempo suficiente para que a noite caísse. 

Desejando por um único dia em sua vida, morar por entre as nuvens azul celeste.