quinta-feira, 25 de abril de 2013

O Tejo


Madrugada,
Descobre-me o rio
que atravesso tanto
para nada;

E este encanto,
prende por um fio,
a testemunha do que eu sei dizer.

E a cidade,
chamam-lhe Lisboa
mas é só um rio
que é verdade,
só um rio,
é a casa de água,
casa da cidade em que vim nascer.

Tejo, meu doce Tejo, corres assim;
corres há milênios sem te arrepender,
és a casa de água onde há poucos anos eu escolhi nascer.


sábado, 20 de abril de 2013

Liber


Vermelho. O self estava mais aguçado, era quente em partes e frio no maior período espaço/tempo.

Respiração ofegante, o ar parecia não preencher totalmente seus pulmões. Olhou para as costelas, já esmagadas pelo esforço desnecessário que o externo fazia, ouvia um som abafado meio desencontrado, mas entendia apenas a palavra “ferragens”. Medo de alguma coisa ter se chocado com a matriz, medo do mau tempo. Ninguém sabia, mas quando olhou por entre os tecidos, os raios se quebrando no céu e arrebentando a terra, estremecia por todo o arredor. Não era culpa sua, apenas um dado que fora lançado.

Girando e girando, no olho do furacão, parou e acompanhou os ventos passo a passo. Devagar foi se livrando da clausura, como se suas correntes se partissem. A pele já dilacerada, agora tinha um aspecto de necrose, viu como num piscar de olhos tudo aquilo sumir.

Estava num oásis.

Sentiu a luz se aproximando.

Abrir os olhos, entender o cenário, o relógio parado na hora zero. Piazzolla e seu bandoneón ao fundo. Estava de volta entre raios e uma tempestade que batia com violência na janela. O café estava pronto, mesa posta.  Rabiscou qualquer coisa num caderno que mantinha sobre a cabeceira e levantou-se. Ao sair do quarto, percebeu que estava em uma cratera escavada por um Boeing 787 dinamitado.

Buscou a fechadura, era seu porto seguro.