quinta-feira, 28 de abril de 2016

Devaneios - Parte 2.7 - Entendimentos de uma mente compreensiva e não compreensível

Dizem por aí que a vida é composta de momentos, outros vivem de passado e outros ainda fazem planos e mais planos. Uns falam de amor da mesma forma que falam de mulheres/homens nu(a)s ou então falam de amor como se pede um Fast-food. Dedico aos poetas que utilizam a palavra e o pensamento ao mais assombroso do ser humano, o submundo que compõe o simples e objetivo cérebro. Desta forma, pense que vivemos numa sociedade em que acordamos e pela primeira vez no dia respiramos conscientemente o ar que o mundo nos serve, nutrido com o oxigênio que as árvores produzem durante todo o dia, juntamente aos raios de sol que simplesmente iluminam todo o processo de composição da rotina. Possuímos um modus operandi simplesmente fantástico e ainda temos tempo para pensar em o que nos move. O que compõe a nossa física quântica para que simplesmente nos impulsione a levantar cedo para uma corrida matinal ou então para ficar mais 5 minutinhos na cama, o que nos mantém presos as pessoas ou o que nos afastam delas. Costumo dizer que isso se chama, o acaso. Já parou para pensar em quanto tempo vive uma estrela e quantas são as possibilidades de que elas se choquem, se transformando em novas composições no cosmos. Nunca parei para pensar o quanto podemos nos perder nesta linha ao mesmo tempo que em uma centelha de tempo, agora mesmo, a vida lá fora não para. Os pássaros voam para lá e para cá, buscam comida, buscam parceiros, buscam coisas para construir suas casas, ninhos... As pessoas andando na rua, somos os únicos seres viventes e comprovadamente falando, que temos o ócio em nosso vocabulário, já se pegou caminhando sem rumo por aí, sem que a vida te desse algum afazer? Por mais difícil que seja pensar nisso, mesmo que tenha ficado parado apenas observando o ambiente, este foi um momento que nesta centelha do universo, você ficou no ócio. Voltando ao assunto principal, como diria Raul, cada homem e cada mulher, é uma estrela... Nessa dança cósmica onde os astros conspiram e simplesmente agem sobre nós de forma aleatória, qual a chance de duas pessoas se juntarem e se mostrarem afins das mesmas coisas. Não responda, apenas pense, cara, como meu finado avô foi sortudo de encontrar a minha avó, formarem uma família e seguirem juntos até que a morte os separou. Como meus pais tiveram essa sorte? Hoje o ser humano não liga mais para este tipo de coisa e estes momentos são mais raros, mas, porque são mais raros? A explicação viria da expansão do universo? A explicação viria nas infinitas possibilidades que uma pessoa tem hoje para seguir sua vida? Você acredita em destino? Hoje não somos mais os mesmos que ontem, o ar que a gente respira nunca é o mesmo, a química de composição corporal de uma pessoa varia de acordo com os átomos que compõe a célula, compreende que nada que sentiu a 5 anos atrás você sentirá novamente, até mesmo pela sua compreensão do espaço-tempo, é diferente simplesmente por ser novo, o que aconteceu foi um milagre que aconteceu pelo tempo necessário para se tornar inesquecível. Acontecer novamente, nem voltando no tempo. Pelo mesmo motivo de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, pelo mesmo motivo que duas estrelas que se chocam na malha do universo, não se chocarão novamente. Tudo é novo a partir do momento que o presente se torna passado. O que você lê agora, é velho, seu ponto de vista mudaria lendo outra vez este mesmo texto. Um piano de fundo, Coeur de Pirate, belíssima a jovem Beatrice Martin deu origem a este texto. Que o passado lhes seja leve e o futuro seja modificado a seu bel prazer, entenda, tudo é mutável e tudo está em nossas mãos. Parei no tempo para esperar que a vida me trouxesse você e de repente eu mesmo te coloquei para fora dela. Eu não me preocupo, fizemos um bom trabalho. E que o satélite nos seja leve, que as cruzes não nos preocupe e que as parabólicas se mantenham captando os sinais. Quanto a mim, estarei no limbo, este me pertence, assim como a névoa que cobre a cidade de Oymyakon/RUS, aqui o gelo invade as casas e dá a impressão de querer nos expulsar do local. O que posso dizer sobre o céu, as estrelas e o universo, se tudo o que tenho são suposições, por mais que estudem, também o serão.


Olympus Mons won’t you never be… 


domingo, 24 de abril de 2016

Quem sabe isso quer dizer amor

Primeiro saiba que todos estes cigarros são culpa sua.

Daquele dia em diante que olhei nos teus olhos, você me disse alguma coisa estranha que a minha alucinação não permitiu que eu compreendesse. Eram versos, versos deturpados pelo meu pesaroso momento de reclusão. Eu estava exilado em meio a sinapses e meias verdades, meu corpo respondia cruelmente aos meus comandos, era leve, bem leve, era claro, bem claro, um sussurro era como se eu estivesse submerso. Num momento de extrema confusão eu ouvia teus gritos ecoando dentro da minha cabeça, teus versos.

Suas vestes levemente amarrotadas dignas de final de festa, apenas faziam com que meu transtorno se roesse por dentro, em meus ossos. Eu olhava para os tons brilhantes, para os detalhes, para você. Seus olhos, ah, seus olhos, seus olhos, seus olhos... 
Não consegui mais conter minhas vontades e me joguei na piscina, desta vez a água era real e seria iminente o lumiar, emergente era meu corpo em meio a profundidade das águas, inimaginável era minha mente em busca da compreensão final daquele que seria o último suspiro. Eis que surgia de forma implacável, o sopro do dragão.

Ganesha ao meu lado, Shiva em minha frente, Krishna cantarolava uma bela canção ao meu ouvido. Brahma bem ali, festejando a criação. Quando num abrir de olhos, o Sol de um lado e a Lua de outro faziam com que aquilo fosse também coroado pelos Deuses, a redenção ocorria a cada instante que se perpetuava um dos mais belos encontros ali em minha frente, eu estava sob o meio fio entra a noite e o dia.

Um lirismo aflorado e impetuoso. Atravessar a porta e partir foi simplesmente o momento que durou a minha vida inteira e em memória aos suicidas devemos brindar a vida, brindar os momentos que nos dão prazer, elevar a nossa energia e aquecer os corações que ainda tem jeito. É um tanto egoísta de nossa parte, querer as pessoas sempre por perto, confesso que é até um espirito maternal enraizado em nossos alicerces. Querer bem e cuidar é uma forma de amor, é simples, é bucólico...

Por fim, ao abrir os olhos estava novamente neste sofá, o dia cobrava com o sol a pino. A luz não permitia um sono mais intenso e o descanso foi comprometido. Meu espirito ainda levita por ai, em busca dos Deuses, em busca de algo que faça sentido entre as pedras no horizonte e o firmamento que contrasta com as complexas construções.


Veleiros de papel, caixas d’agua, holofotes, luzes vermelhas, pássaros e torres de energia.