quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ah, look at all the lonely people

Franz ainda adorava surpresas, queria voltar de sua empreitada muito antes, ele era um soldado real, de cavalo branco. Franz a esperava no lado Leste da montanha, Franz queria voltar antes, Franz não sabia mais o que fazer sem Rigby nos montes gelados e inóspitos do sul. A melhor ideia que ele teve, de longe, tatuou a silhueta de um pinguim em seu abdome definido, no bicho estava escrito “Rigby”. 

De dentro desta tatuagem saia um arco-iris que buscava por Rigby a cada 20 minutos do dia. Sem saber, a moça atravessou a montanha pelo lado Oeste, (SIM essa história de amor tão bela estaria se desencontrando justamente na hora do encontro), Franz deixou tudo pronto em sua casinha no pé no morro, inclusive tinha alguns panos de prato para que Rigby cozinhasse todos os dias e mantivesse a louça limpa, assim como vassouras feitas de folhas de bananeira, para que ela varresse tudo e arrumasse as camas, lá tinha rede de celular, mas pegava mal.

Por um acaso do destino, Franz enquanto recolhia lenha para o forno que Rigby acenderia todas as frias manhãs enquanto Franz simplesmente despertava embaixo das cobertas, viu um ponto preto de distanciando rumo ao nada, quando correu o máximo que podia, deixando tudo no chão. Rigby estava acompanhada.


Sobrou até para o pinguim, este foi arrancado junto com todo o orgulho que cobria Franz, na mais bonita forma de amor, ele fez a comida, limpou os pratos, limpou o chão e fez as camas que os 3 dormiram. Num aceno, ele estava de avental, pantufas bem fechadinhas, ela seguia sozinha acompanhada, não entendemos muito bem qual o fim disso, mas só havia um problema nisso tudo, ela ainda não tinha visto os pés do moço (El Hermano que diga).


quarta-feira, 15 de junho de 2016

All the lonely people, where do they all belong?

Numa dessas reações inesperadas ela cantarolava uma canção (com o perdão da palavra) meio bostinha, dessas que a gente só canta quando está apaixonada e isso era um problema para Rigby, a sorte é que ele estava longe, bem longe, pelo menos em tempo ela estaria a salvo. Os mais renomados pesquisadores que se aventuraram em desbravar a mata fechada que guarda seu tesouro, não voltaram sãos ou normais, uns, inclusive hoje amargam o sabor da liberdade de um quarto escuro com portas e janelas trancadas por fora. Muitos agiram com bravura ao saltar por lâminas, resolver puzzles mortais e lutar contra um monstro de 8 braços armados com 4 escudos e 4 espadas.

Após lutar com tudo aquilo e saber que a caixa do tesouro estava a sua frente, uns comemoraram, outros surtaram, outros até sentaram-se sobre o baú para tomar um ar, uma água, champagne, vinho, fumaram cigarros enquanto idealizavam entre todos os prêmios que um homem poderia ganhar de uma mulher e por fim a senhora Rigby surgia em meio ao cenário afastando o cara (que com cara de pamonha observava a cena e a facilidade com que ela entrava e vasculhava o self) mais para o lado enquanto surgiam as luzes, black-out, luzes, black-out, luzes, FOGO! Entravam as garotas, a bateria dava o tom, “tu dum tss”, outro comercial de cerveja apresentava o quadro, “SONHO, REALIDADE ou CONSOLAÇÃO”. 

Surgia o apresentador: 
- Um sujeito esguio, com vestes brancas, cabelo meio black power, grisalho, gravata borboleta, lenço no pescoço e óculos aviador com lentes pendendo para o pink. 

Mais 3 baús apareciam no palco e o cara teria que escolher um para levar seu prêmio embora, ele escolheu sem delongas já que estava com pressa de voltar. Ela abria o baú (com aquele sorriso de dançarina do Faustão) e mostrava que não havia nada no interior mas, por sorte (que sorte) do concorrente, o apresentador enquanto atendia seu telefone e falava um "castellano" meio lá meio cá, traduzia para a platéia indócil e fervorosa : 
- O que, ele tem mais uma chance!? Certo! Mais uma chance para o nosso Iron Man!

Enquanto Rigby fazia as unhas, sentada junto da platéia, ele escolheu mais um baú e naquele, também não tinha nada e mais uma vez o luminoso “RISOS”, “GARGALHADAS”, “HU3”, acendia até que a platéia defecasse e urinasse no palco de tanto rir. De repente virou uma guerra no talk show mais famoso da TV Rigbyana. O cenário foi tomado pela produção que insistia em transmitir o acasalamento dos pinguins pois achavam que era mais educativo do que estes realities que já estavam na Décima Sétima edição (convenhamos que o jogo dos baús era bem bolado).

Após o episódio, ele poderia ainda escolher o prêmio de consolação que isso incluía um copo da cerveja do patrocinador, ou, uma pizza, ou papel higiênico. Ele estava simplesmente estático no meio do palco e muitos teriam pena, ele parecia estar em um lugar gelado, na companhia de 2 metros de neve, caído de cara enquanto um pinguim surgia correndo pelas estradas: "Asinhas abertas e bico para a frente como se fosse voar".



terça-feira, 14 de junho de 2016

All the lonely people, where do they all come from?

Rigby e Franz era o típico casal virtual, já haviam se visto mas nunca se tocado de forma a conduzir um relacionamento. Rigby era dura na queda e Franz todo coração. Eles existiam, ela já era mãe e ele queria mais, algo impensado na vida da moça que virava monstro durante o período, não era culpa dela, diziam os mais sábios e ex-combatentes, ou vulgo, ex-namorados, ex-maridos, ex-médicos (uns morreram, outros vivem por aí, na boemia ou trancados em um quarto escuro após enlouquecer). Ela tinha uma bravura sem igual e sonhava com tudo o que fosse possível sonhar e o que não fosse possível ela inventava. Assim vivia Rigby, não tão sonhadora com um casamento quanto na música dos beatles e também não tão misteriosa quanto o padre Mackenzie e seus sermões.

Apenas entendemos que no fim disso tudo, alguém estará limpando as mãos e outro no túmulo. Ela sonhava com o típico cara que a levaria dali para um local mais agradável, menos frio, menos extremo... Ele pensava em atividades junto ao dito “meidomato”, ela amou a ideia a principio, mas achou (com o perdão da palavra) meio bosta, por compartilhar de um lugar tão belo mas, sem internet, sem banheiro comum (para os padrões ocidentais), sem eletricidade ou qualquer coisa que remeta a cidade e suas facilidades, a ideia era produzir com as próprias mãos, inclusive o papel de limpar a bunda (ou então lavar na pia do banheiro (que banheiro)). Ela não estava muito feliz com a ideia e disse isso a Franz que se rebaixou a ela, por amor, desejo, ou qualquer coisa que pareça.


Sim, mais um a se ajoelhar diante da grande, educada, bela e teimosa Rigby. Era assim que acontecia durante os shows (ops, relacionamentos), começava fofo, geralmente com anéis e flores que a linda Rigby jogava fora ou debochava (na cara do sujeito, além de tudo, Rigby é uma moça polida), não era por mal, juro, mas as histórias contadas a partir da ótica e senso de humor da pequena Rigby era de se contorcer no chão de tanto rir. E no mais longínquo ponto de equilíbrio entre a razão e o coração, Franz fazia os mais absurdos acordos e propôs inclusive sua alma em troca do amor de Rigby, neste momento o luminoso “RISOS” acendia e a platéia da cabeça dos ex-combatentes ia ao delírio. Após 10 segundos de riso e felicidade, tocava uma musica alegre e as garotas vestindo trajes menores entravam em cena apresentando a nova marca de Cerveja e os patrocinadores.


quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ah Se Não Fosse o Amor - Lirinha

A minha ilha não existe mais
Será que o mar já percebeu
Ela desapareceu
Há se não fosse o amor
Pra recolher o óleo que vazou

Mas ninguém viu a marca no meu corpo
Como é que pode alguém entrar
E dentro se desmanchar?
Nunca esqueça as oferendas
Quando contar na rua as nossas lendas

Mudei pra laje de um prédio vermelho
No alto é sempre bem melhor
Pra quem vive só
Ah se não fosse o amor
E a força incrível do seu reator

Dentro do mar o velho marinheiro
Na sua orelha um brinco de anzol
Brilha seu brinco no alvo do sol
Brilha seu brinco no alvo do sol

Chamei você
Mas você não veio
Eu entendi que era normal
Nada pessoal
Ah se não fosse o amor


terça-feira, 7 de junho de 2016

Viagem astral

Entre os canhões e trincheiras caminhei entre os escombros com você em meus braços, seus olhos estavam cheios de esperança. Certas horas em que eu precisei de todo o meu vigor físico ou quando utilizei minhas mãos para empunhar um rifle encontrado junto aos corpos no chão, você foi de cavalinho, numa dessas mochilas grandes e confortáveis por dentro, sempre sendo meus olhos e chamando-me de papai, a hora que você teve medo, foi exatamente quando eu me virei para protegê-la dos tiros que viriam.

Em meio aos pallets, pedras, corpos, templos, glórias e devaneios a noite caiu, nos escondemos em um lugar puco claro, troquei sua roupa, lavei seu rosto e te vesti com algumas vestes que haviam por ali, engraçado como você não deu um pio, conversou comigo como conversamos no aconchego do lar, beijou meu rosto com o mesmo carinho de sempre, te abracei e segurei as lágrimas, elas vieram enquanto eu te via dormir. Adormeci também, após te cobrir.

Acordamos com uma bomba, ao longe, era noite ainda, você estava exausta mas eu sabia que precisávamos seguir viagem, sair dali com vida. Com todo cuidado te embalei em meus braços, ainda enrolada na cobertinha que carregamos no ponto de partida, tínhamos algumas frutas que guardei, seria a nossa sobrevivência, deixei até de comer para que nada te faltasse, estávamos no terceiro dia de busca por um local seguro.

Sei que parecia incorreto da minha parte, mas seria necessário atravessar o front e ir em direção ao mar, lá entraríamos o primeiro barco para o abrigo, nos refugiaríamos até que aquilo acabasse, rifle carregado, pendurado em meu ombro e você descansava. 

Enquanto acordava, fazia frio naquela madrugada, inicio de manhã. Vi os aviões rasgando o céu e sumindo no horizonte. Subimos num ponto alto, eu precisava observar além das ruínas. Pedir ajuda naquele momento não era opção, não sabíamos quem estava do nosso lado, ali, naquele momento, você tinha a mim, eu era o seu abrigo, comigo você estava em segurança.

Amanhecia com o Sol entre as nuvens, a luz clara e encoberta anunciava que a chuva chegaria cedo ou tarde, interrompendo, por hora, a nossa caminhada. Olhar pela janela da casa parcialmente destruída pelas bombas nos dava pouco mais de 3 metros de segurança. Ouvi passos e nos escondi você olhava para mim, apreensiva, segurou o choro, vi nos teus olhos o pavor estampado pela primeira vez. Pressentiu algo que eu não soube identificar, mas não tive dúvidas em te aconchegar entre as pedras da parede destruída e apontar para a única entrada possível. Eu estava olhando para você e ao mesmo tempo conseguia perceber qualquer movimentação, estávamos na penumbra a qual favorecia a nossa posição. Os passos pareciam ter pressa, falavam outro idioma, imperativos, o som foi ficando mais alto, até que diminuiu gradativamente. Passaram, estavam mais longe. 

Era o momento de sair dali, estávamos no meio do fogo cruzado. Olhei me esquivando, enquanto você ainda sentada nos tijolos quebrados comia meia banana que estava na mochila. Preferi desta vez te guardar, a mochila era grande, confortável, te acolhia como os meus braços. Você sabia que o momento era complicado, você disse inclusive que queria ir pra mochila, acho que parecia uma diversão e sua cabecinha de 3 anos queria brincar.

Corri o mais rápido que pude quando em campo aberto tivemos uma surpresa, rajadas de metralhadora, eu simplesmente pude correr, meio sem rumo, meio sem porque. Poderia ter me jogado no chão, mas por 1 milésimo de segundo achei que pudesse feri-la, pensei que poderiam nos encontrar, que algo ruim aconteceria. Por sorte nenhum tiro nos acertou e atravessei. Ao chegar no outro lado, atrás de uma árvore, abri a mochila e você estava ali, sorrindo, parecia ter gostado da brincadeira, da chacoalhada que rolou ali dentro. 

Enquanto tirava você dali, você pedia, “papai, quero água”, abri o cantil e deixei você tomar o quanto quisesse, se esbaldar. Logo após, descansávamos sob aquele céu sórdido e inimaginável, eu pensava em como tirar a gente dali, você comendo os pedacinhos de maçã que eu cortava aos poucos. Eu sabia que os suprimentos estavam acabando e que ficaríamos sem comida no dia seguinte, era necessário levantar e partir, enrolei mais uma vez você nos panos que tinha e desta vez fui te abraçando enquanto apertava minhas bochechas. Te coloquei no meu ombro deitada; e durante a caminhada, adormeceu.

Estávamos a pouco tempo de chegar ao destino e a nossa missão ao fim. Você acordava enquanto eramos socorridos pelas tropas aliadas em missão de paz.

Te dei banho, comida, e enquanto guardava teu sono sentado numa cadeira, fumando um cigarro olhando o mar, algo me chamou atenção. Arrumando as tralhas na mochila, meus olhos se enchiam.

Um furo de bala.

Você e eu, intactos.

Dedico a mocinha que amo tanto nessa e em outras vidas.
Papai te ama, nenê!