Já parou para pensar o quanto os seres humanos almejam por
um relacionamento a dois? Por quantas vezes me é questionado o fato de que eu
me sinto bem sozinho e que a necessária solidão ela é realmente um ponto chave
na vida de muitas pessoas? Vivemos hoje em um mundo onde as pessoas se dão
melhor consigo mesmas, mas estar em um relacionamento é realmente algo de
status.
Hoje mais uma vez me coloquei a pensar sobre relações, não
entre amigos ou irmãos, falo daquela relação entre duas pessoas que se conhecem
por acaso e se desandam a conversar todos os dias, ficam íntimas, a vida segue
e a relação amorosa toma o lugar da amizade que cresceu ali. É de fato curioso
que a beleza externa é um conceito padronizado, que a mídia sempre nos trouxe,
mas nota-se que este é o ponto principal da coisa, o inicio, no inicio ambos se
mostram da maneira como creem atrair o outro e em termos básicos acabam sempre
concordando com tudo o que o outro diz, as opiniões batem, ambos se sentem representados
no outro lado e aquela conversa se passa por horas e horas no mesmo patamar ou
até mesmo quem sabe evoluindo, sim, mas de certa forma, partimos para o velho
bordão... “time que está ganhando não se mexe”, acabamos entrando na zona de
conforto da relação.
Sem tirar o direito de ninguém de se sentir confortável onde
quer que esteja, tenho por base em relações passadas, modo de vida e autocritica
que eu me dou bem sozinho e de certa forma não existe aquele medo de ficar só
para sempre. Eu sou a minha melhor companhia e todos os anseios que esta vida
me trouxe nela se resolveram. Viver em um marasmo, hoje, não é o que eu busco,
já naveguei anos e anos em mares inavegáveis, já experimentei os ossos de uma
relação a dois onde no fim, morar junto acontecia por necessidade, por saber
que fora dali alguém ia se foder, é claro que um muito mais que o outro, mas
não é este o detalhe que busco neste texto. Busco a compreensão de um
relacionamento que me tire o sossego, que me tire da zona de conforto, que me
faça pensar sobre o mundo e que não seja uma relação de cama, mesa e banho. Que
existam os confortos e que venham as viagens a dois, os momentos para trepar e
trepar bem, sexo morno não é sexo, é status “transante” e não almejo status nem
entre as tais quatro paredes. Eu busco aquela pessoa que me tire do sério, que
me veja puto da vida, mas que saiba que aquilo acabará rápido e que saiba como
contornar aquilo rindo da minha cara enquanto eu esbravejo, procuro alguém que
entenda quando eu disser que quero dormir o dia todo e que não desconfie de que
eu esteja saindo escondido. Não há nada melhor do que uma relação que te tira o
sossego. Que te faz pensar, evoluir, chegar além do que você supunha.
Ficar rico, ter condição, conforto, do bom e do melhor é
necessário, sabemos que ninguém vive de amor, mas já chegou a pensar em contas
pagas, uma TV grandona, um sofá macio, quarto básico com guarda-roupa e uma
cama, aquele apartamento basicão, ou uma casa fofinha, dessas de filmes americanos
onde os velhinhos moram? Não quero uma mansão, é grande demais para limpar. Um
lugarzinho que cabe nós dois e só.
Alguém que evolua comigo, que procura entender o que eu
trago dentro de mim sem julgar pela ótica que trouxe das suas experiências. Eu
prometo fazer o mesmo e ser totalmente aberto ao novo. Desta forma, eu vejo as
relações como o trânsito de uma metrópole:
“Apressado, sincronizado, por horas parado, mas se os olhos
não se mantiverem bem abertos a todo instante, ele te engole”.
Viver a dois, vai além de dizer sim sempre. Dizer não é
necessário, mas dizer não sempre é cruel demais pra quem busca compartilhar uma
vida a dois.