Quando estava pronto para retornar a sua casa sentiu uma
vertigem que o fez deitar novamente naquele quarto de hotel, denominado “O Uivo”,
tudo o que era feito ali ficava ali, e não seria diferente com o Rostkov, codinome
de nosso personagem que não terá a identidade revelada. Ele fazia parte de um
grande esquema de infiltração da polícia secreta em Kiev.
A cúpula de altas
patentes do Kremlin continuava ali no subsolo aguardando o sinal para deixarem
o local. As forças da Zvezda, responsável pelo tráfico de narcóticos da região
que se estendia da grande Kiev a Donetsk, pressionavam o cerco feito naquele bairro,
mas nunca desconfiaram que “o Uivo” seria quase um QG das forças armadas da
antiga KGB, a hoje FSB.
É claro que eles nunca desconfiariam. O dono sempre
foi muito confidente com todos e inclusive parecia que as vezes jogava para os
dois lados, como se ali fosse uma espécie de área diplomática. Todos poderiam
entrar e sair como quisessem, porém, era proibido a divulgação de
identidades ou até mesmo falar o idioma local, ali se falava o Inglês.
A Zvezda sabia da movimentação dos oficiais naquela região,
mas um disparo poderia colocar tudo a perder. Era uma espécie de guerra fria,
onde ambos os lados tinham noção do que poderia acontecer caso alguém desse o
primeiro passo. Deste modo, ninguém ganhava nada, mas também não perdia. Os
caminhões chegando ao local marcado para recolher os 11 oficiais da FSB às 2:00AM
horário de Moscow.
Prostitutas russas, charutos e bebida à vontade. Era quase
uma festa de despedida de solteiro após uma grande operação. Uma festa entre Ucranianos
e Russos, sendo muito sincero, alguns até desconfiavam que haviam pessoas da própria
Zvezda dentro desta festa. Quando os oficiais começaram a se levantar com as
damas de companhia e ir para seus aposentos, notaram que faltava um deles,
Rostkov tinha ido embora bem cedo dali, mas tinham certeza de encontra-lo ao
check-out.
A neve caia lá fora, enquanto Rostkov, deitado, lembrava-se
dos passos que seguiu até o quarto, quando notou alguma coisa na saída do
sistema de calefação. Ele notou que o ar não estava tão quente, mas um vapor
saía de lá e aquilo não parecia normal. O fato não era o ar estar contaminado
com algum tipo de arma química ou biológica, mas, quem faria isso em uma área
diplomática, desrespeitando as leis e jogando tudo para o alto.
Uma sirene bem fraca, parecia o som dos lobos, um Uivo.
Rostkov sem pensar duas vezes apenas abriu a janela do
quarto e se atirou do 5º andar.