O mundo acabava diante daqueles
olhos, passando pelas pessoas que corriam na direção contraria, ele admirava o
meteoro rasgando os céus entrando em combustão ao se chocar com a atmosfera. Percebia o desespero das crianças, agora sem
um futuro, mas ao mesmo tempo não se sabia do presente.
Observava o sol, que não estava
tão claro, o brilho não ofuscava os olhos, pois estava coberto pela fumaça da
padaria em chamas. Saqueadores passavam pelos estabelecimentos levando o que
podiam carregar e mal sabiam que nada poderia suprir as necessidades
fisiológicas, filosóficas, filantrópicas.
As águas do mar atingiam alturas
indefinidas, gigantes apenas. Não era ressaca, servia-se mais uma dose ao senso
popular de que a vida é frágil, dolorosa... O absinto de cor fluorescente
florescia por entre as montanhas, construíram um abrigo temendo o pior, como se
algo pudesse piorar.
Uma série de furacões formava-se
no horizonte, seria a ligação entre céu e terra (para não dizer, céu e inferno?).
A linha tênue entre os planaltos e planícies, cânions... Fazia o pacto divino
com os seres do obscurecido vale, criado a partir do colapso que o terremoto
causou.
O fim estava próximo, mas não
poderia ser no mesmo instante.
Cenário de horror para quem sobrevivia
naquele momento.
O astronauta em missão espacial
observava aquilo numa visão privilegiada. Recebia chamadas em questões de
locais para abrigar líderes mundiais que adorariam compartilhar daquele momento,
prometiam mundos e fundos. Alguém até deu a ideia de povoar a Lua, mas ele
apenas deixou o telefone fora do gancho. Ele não queria ninguém ali enquanto assistia
a devastação sentado na asa do foguete.
Mantimentos e abrigo. Ali, estava a
salvo por um bom tempo.