O mundo estava em colapso, rachaduras desprendiam todo o
processo de reconhecimento dos corpos daquele acidente inevitável, caia por
terra teses sobre plasma, cotidianos e estudos baseados na sobrevivência do ser
humano nos primórdios, diziam que a vida no planeta azul estava ameaçada desde
sempre. Apenas respiravam fundo e fugiam dos predadores, cada vez maiores. Por
hora, a invenção da arma e dos meios de locomoção traziam segurança e claro, a
sapiência dos nossos guerreiros e coletores era o diferencial. Aprendemos a
plantar, cultivar e colher. Com o passar dos anos tudo foi aprimorado e a roda
nos fez acreditar que num futuro próximo, descer da árvore era a melhor coisa
que já nos aconteceu, pisamos no chão gramado, limpo e tratamos de iniciar um
procedimento de colonização, experimentamos coisas e testamos nossa própria fé.
Mesmo sabendo que o invisível vento nos era por vezes calmo,
trazia consigo a mais tortuosa tempestade, uns morriam nas árvores atingidas
por raios outros sobreviviam nas cavernas acreditando que a segurança prevalecia
num lugar escuro onde a ninhada (diga-se de passagem) não caia mais do alto dos
galhos. Entramos num espiral onde a busca pela segurança da prole seria o alvo
fundamental a se seguir, a ideia agora era como manter-se em pleno crescimento
demográfico e melhor se dizendo como acolher tudo e todos.
Nos juntamos, pois numa sensação de igualdade pensamos que o
mundo seria mais fácil de dividíssemos a culpa (ou trabalho) por ter descido
dos locais mais altos. A vida nos obrigou a brigar pela sobrevivência contra os
malefícios e o pensar de antemão nos tornou caçadores e assassinos, nesta mesma
ordem. Criavam-se mais armas e com toda a dita evolução, nos alimentávamos da
caça, assim como nossos predadores e trazendo pelos anais do que hoje chamamos
de civilização, caberia apenas juntar-se para somar e proteger nossas fêmeas e
filhotes.
Com o intuito de proteger, começamos a pensar também em formas
de melhorar as condições de vida. O fogo já era controlado (tragicamente
insalubre o nobre caso de que o próprio era uma manifestação divina)
cultuaríamos mais tarde, sinais, cruzes, desenhos, deuses.
É claro que arremessando o mundo para os dias de hoje, nada
mudou muito, apenas a estrutura e os números demográficos. Entramos num espiral
novamente onde o homem criou tudo com a ideia de se assegurar a sua existência
e manteve assim as guerras e as armas de destruição em massa. Pela segurança e
pela soberania de um povo, numa das mais tristes revelações da história,
teríamos um placar nada justo, porém, apenas pensando de um modo mais abstrato,
Homem 7,3 bilhões x Tigre Dentes de Sabre 0
Nunca antes vistos até Hiroshima e Nagasaki, o homem então subestimou
e se dividiu entre raças e etnias, cada qual com sua peculiaridade e cada qual
com seus vírus e bactérias. Uns mais resistentes, outros buscando a cura e a
reinvenção da vida contra o pesadelo que é a morte. Testamos armas químicas,
realizamos shows culturais, criamos a dança, a caça e a pesca esportiva.
Criamos eventos onde demonstramos a força e a inteligência onde alguns se
sobressaem e ganha o vil metal por serem os melhores. Num mundo paralelo onde
apenas criamos coisas, que se tornam lixo, que se tornam coisas e que se tornam
lixo novamente. A coletividade se tornou um difícil fardo a se carregar quando
pensamos em centrais de atendimento médico, unidades de pronto atendimento ou até
mesmo uma fila de supermercado.
Disputamos para sermos os primeiros e muitas vezes se prega
o fato de chegar primeiro. Não vemos mais o próximo com a ideia de tribo, mas
com a ideia de rival. Seres humanos pretendem a beleza mais bela, a força mais
forte, a técnica mais precisa, a inteligência mais genial, a capacidade de armazenamento
e poupar dinheiro. Cabe a nós buscar a cooperatividade na essência. Pensamos e
chegamos a mais simples conclusão.
Somos os predadores de nós mesmos.