Certo dia Antunes e Léo conversavam como quem não quer nada,
aqueles papos de bar em que se programam viagens, falam sobre sagas épicas
passadas na vida, futebol, mulheres e etc. Bem naquele momento que o Antunes
falava sobre uma transa que teve com sua esposa quando ainda nem namoravam.
Antunes lembrava bem daquele dia como o dia em que eles “fizeram amor” ao luar
chapados de cogumelo, aquela devia ser uma lembrança e tanto, concluía Léo com
aquele ar de deslumbre.
Já o Léo tadinho, não tinha muito jeito com as mulheres,
ninguém sabia explicar, ele travava, mas gostava muito de flertar, conversar,
era um cara legal que encontraria algum dia alguém pra ele. Isso era o que
Antunes sempre dizia, não que o Léo quisesse namorar, se casar, ter filhos... ele
mesmo, nunca foi enfático neste assunto, era mais fácil encontrar Léo debruçado
no balcão do boteco do que em uma baladinha “playba”.
Juca estava ali também, mas estava quieto, e ambos notaram. Ao
mesmo tempo ele estava olhando para o horizonte, dando um gole em sua cerveja e
um trago forte no cigarro, era como se ele estivesse em um transe ou buscando
alguma coisa num emaranhado de pensamentos. Antunes que estava mais
familiarizado na mesa, o cutucou, queria explicações sobre aquela epifania que
ele entrara, Juca desconversou, mas Antunes sabia bem que algo ali estava bem
complicado de sair, como se estivesse entalado na goela, nem a cerveja gelada e
nem o cigarro davam conta de descer aquilo.
Papo vai, papo vem, mesas sendo guardadas, garçons indo
embora, o bar fechando, os 3 levantaram e foram para o balcão tomar a saideira,
o Léo tomou o caminho do banheiro para mijar enquanto ambos pediam 3 doses de
whisky, para fechar a conta. Encostados no balcão, Antunes admirava e ainda
provava o cheiro do whisky e o assemelhava com a madeira do balcão, o carvalho,
degustava aquele trago no scotch e outro no Chester, o cinzeiro de companhia no
lugar do Léo que não voltava, Juca deu a primeira letra e Antunes completou
quase que compreendendo o que ocorrera naquela hora, na mesa, em que Juca
estava quase estático.
- Sabe Antunes, eu não queria muito falar isso perto do Léo,
ele fica sempre constrangido quando surgem esses papos na mesa e tal, eu sei
que você não liga, mas o cara fica boladão.
- Você acha que ele é viado? Não que seja da minha conta, o
cara é meu irmão, ele que faz o que quiser da vida dele.
- Não, ele só é timidão mesmo, vai achar uma mina pra ele.
- Saquei, mas então, qual o peso meu caro, o que acontece?
- Ah, você ali falando sobre fazer amor, eu ainda estou com
uma leve ressaca de ontem.
- Ontem não foi quando você saiu com a aquela moça, amiga da
irmã do Léo?
- Sim, foi.
- E tá de ressaca? Cara, uma gata daquelas!
- É. – Juca foi ficando murcho –
- Qual foi porra! Conta logo! O Léo não volta mais mesmo,
vou pegar o Whisky dele – derramando um pouco em cada copo –
- Cara, aquilo foi impressionante. Nós fomos pra minha casa,
lá eu servi uma dose de whisky para cada, mas a gente nem conversou muito, foi
bem direto ao quarto cada um tirando a roupa um do outro e se pegando pelo
corredor. Nós transamos e depois ficamos horas deitados, nus na minha cama sem
nenhuma pretensão, a gente se olhava, sorria, se beijava e voltava a se
abraçar, essas coisas fofinhas que as pessoas fazem quando estão ali curtindo o
momento.
- Mas o que tem de errado nisso, eu pensei que tinha
acontecido algo bem complicado, sei lá, ela enfiou o dedo no seu cu? – Antunes concluía rindo junto com o barman –
- Não porra, a cena se desenrolou a gente deu mais uns
beijos e eu fui mijar. O banheiro meio que dá de cara com o meu quarto e mijei de
porta aberta mesmo, sem nenhum pudor. Dei descarga e virei pro quarto, quando
vejo aquela mulher sentada na pontinha da cama, nua, pernas cruzadas eu cheguei perto me ajoelhei, abri as pernas dela e a chupei como nunca chupei outra mulher, ela acendendo
um cigarro com o copo de whisky na mão, deu um trago de olhos fechados,
soltou a fumaça enquanto gozava, abrindo os olhos, me olhou, deu um bico no whisky e continuou me olhando com uma
cara de satisfeita, feliz, sabe? Ela levantou, me
beijou, colocou o cigarro na minha boca, entregou o copo quase vazio e disse
bem baixinho, que bunda linda você tem. Entrando no banheiro, fechou a porta e
tudo o que eu pude fazer foi abrir a janela do quarto e observar aquele céu da
manhã enquanto dava o ultimo gole no copo e apagava o cigarro no cinzeiro.
Ambos se despediram procurando o Léo que não estava mais no
banheiro e em nenhum lugar daquele estabelecimento, segundo o Juca que acabou
indo procura-lo. Acabaram indo embora, o barman guardava os copos,
limpava os cinzeiros e o Léo, bem, o Léo estava nos braços da garçonete, nos
fundos.