Por mais que as vitórias venham, o sentimento de derrota
insiste em amargar a boca. Ficamos nós, seres datados do século passado, de
duas ou três gerações para trás o mundo tem se tornado mesquinho. Guerras se
vão, ataques e contra-ataques, o mundo tem se tornado mesquinho.
Experimenta-se o inferno enquanto navega em mares caóticos, passamos por provações e vivemos tentando remediar o irremediável. Pensar
a frente quer dizer encerrar os conflitos e manter a paz que se é de direito do
ser humano. Deixar de criar problemas e pensar na manutenção da espécie. Desta
forma ascendemos aos céus e num rasante temos um momento tão próximo às nuvens, compreendendo as alturas. Vemos que todos
são apenas pontos, distantes, na paisagem urbana. Naquele mesmo momento que um
pássaro sobrevoa o oceano e a ave mantem-se em pleno acordo entre firmamento e
mar. E então, das alturas dos prédios, entendemos que a nossa
engenharia tão complexa, é criada para destruir ao mesmo tempo que constrói.
Morro acima, entendemos que chuva é mais forte do que imaginamos e que
a enxurrada é apenas a consequência. No fim, todos nós ficaremos bem. Em meio a solidão que o mundo nos traz, em meio ao céu cinza
de uma tarde chuvosa, em meio as notas solitárias de um compositor decadente,
entre as palavras de um ébrio.
Em meio ao marasmo da casa vazia.
“Estou num cais, como quem parte.
Olhando o mar, como quem fica.”
Te dedico meu velho... Em meio a este cais distante que opõe o ser humano a sua própria face.
Beijos, abraços e tudo o que houver de melhor.
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